O Benfica começou a ganhar ao Olhanense antes do jogo

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Salvio e Carlos Martins festejam o segundo golo do Benfica Pedro Cunha

Jardel viajou de Olhão até Lisboa com a equipa, mas já não se equipou. O jogador mais assíduo da formação de Daúto Faquirá – o único a ter participado em todos os jogos esta época do campeonato e sempre a titular, falhou apenas um jogo na Taça da Liga – acabava de saber no hotel onde os jogadores estagiaram que mudara de casa. O PÚBLICO falou horas antes do jogo com Tiago Ribeiro, director da Traffic Sports Europe, o grupo brasileiro que gere a carreira do defesa, e este estava em reunião no Estádio da Luz. Bem como o presidente do Olhanense Isidoro Sousa e a direcção do Benfica. Foi por aqui que os “encarnados” começaram a ganhar o encontro e a manter viva a obsessão de Jorge Jesus.

“Perguntem ao presidente”, respondeu o técnico do Olhanense quando questionado se podia utilizar Jardel. Faquirá não sabia. Isidoro Sousa disse que “provavelmente não”. O brasileiro não jogou mesmo e fez falta. Quem aproveitou foi o Benfica. Principalmente Saviola e Salvio.

No início de Dezembro, a equipa algarvia perdeu na Luz por 2-0. Esta quarta-feira, ao intervalo, as “águias” já tinham decidido a eliminatória da Taça com um 3-0. Os argentinos aproveitaram dois buracos no centro da defesa para marcarem dois golos em seis minutos. O paraguaio Cardozo aproveitou o adiantamento do guarda-redes e fez um “chapéu” perfeito para fazer o terceiro. Os quartos-de-final estavam à mercê dos “encarnados”, onde o Rio Ave já está à espera.

No banco, Jesus assistia ao alimentar de um sonho. Que é o de chegar à final e ganhar. Um sonho de criança que é uma obsessão de adulto. O treinador tem uma ligação forte ao Jamor, foi ali que viu o seu avô falecer quando tinha 13 anos, durante a final entre Vitória de Setúbal e Académica em 1967. Quer vencer o troféu e transformar o acto numa homenagem. Tentou-o em Maio de 2007, mas o seu Belenenses perderia para o Sporting. “Foi a minha primeira final, mas vou ter tempo de ganhar muitas”. Há um ano foi eliminado na Luz pelo Vitória de Guimarães. Esta quarta-feira, não arriscou.

Jogou com os melhores Gaitán, Salvio, Saviola, Cardozo. Depois entraria Aimar. Só Júlio César na baliza e Airton fizeram lembrar que era noite de Taça – o primeiro é um hábito na prova; o segundo porque Javi García está castigado para o próximo jogo no campeonato e o técnico quis testá-lo antes de ir a Coimbra. Jesus não podia falhar e a verdade é que, desde o início, viu a sua equipa controlar o jogo e o adversário.

Com o resultado a roçar a goleada no primeiro tempo, Luisão fez questão de emprestar esse estatuto ao resultado. O capitão marcou o quarto golo na segunda parte e não deixou o Olhanense levantar-se mais. Cardozo é o oposto do brasileiro, é artístico – já o tinha sido no “chapéu” a Baptista – e no quinto golo voltou a sê-lo, à meia volta.

A noite abateu-se fria sobre o Olhanense, a segunda melhor defesa da Liga (leva 13 em 15 jogos) e que, fora de Olhão só havia sofrido dez. Esta quarta-feira, sofreu metade.


POSITIVO e NEGATIVO

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Cardozo
O temível pé esquerdo entrou de novo em acção com dois golos. Mas, desta vez, com toques de bailarino. O potente pé preferiu a suplesse. Quer no chapéu a Ricardo Baptista ou no remate à meia-volta colocado.

Saviola
Não só assiste como também marca. Assim torna-se imparável. Foi o que aconteceu na construção de uma goleada.

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Defesa do Olhanense
O Benfica nem criou muitas oportunidades de golo. Mas as que criou acabaram em golo. A defesa algarvia sofreu cinco golos, um terço dos que sofreu na Liga. Foi a falta de Jardel?

Adilson
O ataque do Olhanense não esteve muito melhor que a defesa. E Adilson foi o exemplo desse desespero. Muito só, foi impotente.
Notícia actualizada às 21h33
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