EUA e Japão negociaram acordo secreto para derrubar defensores de baleias

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Esta quarta-feira, dois navios da Sea Shepherd envolveram-se em confrontos com os baleeiros The Institute of Cetacean Research/Reuters

Segundo o jornal “The Guardian”, o Japão e os Estados Unidos propuseram-se a investigar a situação fiscal da Sea Shepherd e a agir contra os activistas, no âmbito de um acordo político para reduzir a caça à baleia na Antárctica.

Quatro mensagens confidenciais da embaixada norte-americana em Tóquio e o Departamento de Estado em Washington revelam que os diplomatas dos dois países negociaram em segredo um acordo de compromisso, antes da reunião anual do ano passado da Comissão Baleeira Internacional, organismo que regulamenta a caça à baleia.

Os Estados Unidos propuseram que o Japão reduzisse o número de baleias mortas por ano no santuário para estes cetáceos na Antárctida em troca do direito legal para caçar ao largo das suas próprias zonas costeiras. Além disso, os Estados Unidos propuseram ratificar legislação que daria “garantias de segurança nos mares”, numa referência a uma actuação contra grupos como a Sea Shepherd que, há anos tentam travar as frotas nipónicas. Esta organização tornou-se num motivo de embaraço e vergonha para o Japão, depois de ter impedido a sua frota de atingir a quota anual de animais mortos, revelam ainda as mensagens divulgadas pelo WikiLeaks.

Numa das mensagens, com data de 2 de Novembro de 2009, os diplomatas japoneses escreveram: “seria mais fácil para o Japão conseguir fazer progressos nas negociações da Comissão Baleeira Internacional se os Estados Unidos agissem contra a Sea Shepherd”. O Japão esforça-se por acabar com a moratória desde 1986 contra a caça comercial à baleia, imposta por aquela comissão internacional.

Uma semana depois, os japoneses voltaram a pressionar Washington, dizendo que “os protestos violentos da Sea Shepherd podem limitar a flexibilidade do Governo do Japão nas negociações”.

As mensagens diplomáticas sugerem que os Estados Unidos propuseram-se a investigar a situação fiscal da organização.

O “The Guardian” diz também que o acordo terá sido anulado pelo Reino Unido e União Europeia em Junho de 2010, depois de um grupo de países - liderado pela Austrália, União Europeia e nações da América Latina - se ter oposto.

Esta quarta-feira, dois navios da Sea Shepherd – “Steve Irwin” e “Gojira” – envolveram-se em confrontos com dois baleeiros, com os activistas a lançar bombas de mau-cheiro para o convés dos navios japoneses. Estes responderam com canhões de água.

O responsável máximo da Sea Shepherd, Paul Watson, já reagiu a estas mensagens reveladas pela WikiLeaks. Para a organização, “o mais importante destes documentos é a declaração do Japão em como a Sea Shepherd tem sido responsável pelo não cumprimento das quotas de caça à baleia. Isto valida completamente as acções da Sea Shepherd”.

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