Acabou-se a pressão da invencibilidade

Foto
A derrota do FC Porto aconteceu na menos relevante das competições em que está envolvido e num jogo que não era decisivo

1. Regressou o futebol em 2011 e logo com um resultado histórico, a derrota do FC Porto perante o Nacional. Foi o fim da invencibilidade da equipa comandada por André Villas-Boas. Tinha de acontecer, havia de acontecer mais tarde ou mais cedo e, vistas bem as coisas, até pode vir a ter um efeito benéfico sobre a equipa, retirando-lhe um factor-extra de pressão.

O FC Porto perdeu pela primeira vez esta temporada, mas isso aconteceu na menos relevante das competições em que está envolvido e num jogo que não era decisivo. Quer isto dizer que não há problema? Nada é assim tão linear. É claro que, caso pudessem escolher, treinadores e jogadores certamente não elegeriam para palco do primeiro desaire o “seu” Estádio do Dragão. E, ainda mais sério do que isso, a derrota perante o Nacional surge na sequência de uma série de exibições, no mínimo, menos conseguidas.

Se havia equipa para quem esta pausa de Natal e Ano Novo parecia ter vindo mesmo a calhar era o FC Porto. O fulgor do início da época estava a dar lugar a uma rotina exibicional bem oleada, é certo, mas sem alegria e sem destaques individuais (exceptuando um ou outro jogo de Falcao, cuja veia goleadora se intensificou). Vitórias sofridas ou até arrancadas a ferros (lembre-se o penalti falhado pelo V. Setúbal nos últimos instantes da partida no Dragão) mantiveram a tranquilidade na classificação, embora não no coração dos adeptos.

Esta derrota e a exibição frouxa que a possibilitou abrem a porta a algumas dúvidas e não podem deixar de animar os rivais.

2. Pelo contrário, no Benfica são os destaques individuais que vão mantendo acesa a chama. A equipa continua a revelar uma séria incapacidade para manter a pressão durante os 90 minutos e os seus métodos de jogo não se adaptam a algumas novas realidades. Vítima de si mesma e da sua vontade de jogar bem, a formação da Luz insiste em gastar energias adornando jogadas que muitas vezes poderiam ter soluções mais simples.

A falta de um destinatário óbvio na área (Cardoso ainda não está no ponto e Kardec não serve) pode justificar em parte esta renitência em colocar a bola na área, mas não explica tudo. Ao Benfica têm valido a linearidade de processos dos laterais Fábio Coentrão e Maxi Pereira, as melhorias de Saviola na sua relação com a baliza e, principalmente, o despertar de Sálvio. Enquanto isso, lá atrás, David Luiz parece estar mais concentrado e isso faz toda a diferença.

3. O Sporting inicia 2011 com um reforço na estrutura do futebol, um homem sério, mas que não deixou boa imagem na sua passagem pelo clube. José Couceiro junta-se a Costinha e a Paulo Sérgio na cúpula do futebol do clube. Três cabeças pensam melhor do que duas, mas será preciso que o papel de cada um fique cabalmente esclarecido, ainda que apenas internamente. Essa tarefa cabe ao presidente, mas se há coisa que os sportinguistas podem recear, com base no discurso e na história recente de José Eduardo Bettencourt, é alguma errância na liderança do clube.

4. Mais de sete meses depois da lesão, Kaká regressou aos relvados. Até o mais empedernido adepto do Barcelona há-de reconhecer que isto só pode ser uma boa notícia para o futebol.

Sugerir correcção
Comentar