Autoridades do Arkansas já recolheram cerca de três mil aves mortas

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As aves podem ter sido atingidas pelo mau tempo que se abateu sobre a região U.S.Army/Reuters

Cerca de três mil pássaros mortos foram recolhidos ao longo de mais de dez horas de uma operação de limpeza em Beebe, depois de uma misteriosa “chuva” de aves que caíram do céu na noite da passagem de ano.

Na noite da passagem de ano, cerca das 23h30 locais, o Departamento da Polícia de Beebe recebeu várias queixas relativas a aves mortas - tordos-sargentos ou pássaros-pretos-da-asa-vermelha (Agelaius phoeniceus) - que estavam a cair do céu para cima de telhados e quintais.

Mike Robertson, “mayor” de Beebe, contou ao jornal “Arkansas online” que participaram na operação de limpeza 15 funcionários dos Serviços Ambientais norte-americanos, funcionários da autarquia e até moradores. O primeiro balanço deu conta de mil aves mortas, mas ao longo do tempo, o número subiu para perto dos três mil.

Segundo a Comissão para a Caça e Pesca no Arkansas (AGFC, sigla em inglês), a maioria das aves estava morta quando os funcionários chegaram ao local. “Pouco depois de ter chegado ainda estavam aves a cair do céu”, contou Robby King, responsável pela vida selvagem naquela comissão. King recolheu 65 aves que foram enviadas para um laboratório em Madison, Wisconsin.

Por enquanto, ainda não se conhecem as causas desta mortandade.

Karen Rowen, ornitóloga da AGFC, disse em comunicado que situações semelhantes a esta têm acontecido algumas vezes em outros pontos do planeta. “Os resultados das investigações foram inconclusivos. Mas as aves mostravam sinais de traumas físicos e de que o bando tivesse sido atingido por uma trovoada ou por uma chuva de granizo.” Outro cenário possível, avança a Comissão, será o “stress” causado pelo fogo-de-artifício para marcar a passagem de ano. Luís Costa, director da Spea (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) disse ao PÚBLICO que há possibilidade de as aves serem afectadas por fogos-de-artifício. "Já alertámos algumas vezes para os perigos dos fogos-de-artifício mas apenas como medida de precaução", disse o responsável que desconhece situações semelhantes em Portugal. O impacto será mais grave se a zona for considerada importante local de refúgio para as aves, acrescentou.

A ornitóloga Karen Rowen afasta ainda a hipótese de envenenamento mas adianta que está a ser realizada uma necropsia para determinar se as aves morreram de trauma ou de substâncias tóxicas. Os testes à qualidade do ar realizados pelo Departamento para a Qualidade Ambiental no ArKansas não revelaram a existência de toxinas.

A população espalha as suas próprias explicações para o sucedido, como noticia o site Arkansas News. Uns acreditam que as aves foram envenenadas, outros referem os químicos espalhados nos campos por avionetas e outros ainda falam de gás metano libertado depois de um sismo. Há quem diga que se tratou de uma tentativa falhada da rede terrorista Al-Qaeda para envenenar o governador de Beebe.

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