Mais um pórtico de portagens danificado, desta vez foi a tiro, na A28, em Esposende

Dois encapuzados alvejaram cinco vezes a estrutura, na madrugada de anteontem. Foi o segundo ataque a um pórtico em três dias

Dois homens encapuzados atacaram, na madrugada de anteontem, com cinco tiros de pistola, o pórtico de Esposende da A28, que liga Viana do Castelo ao Porto. A concessionária Litoral Norte e a operadora ViaLivre "repudiam" o acto de "vandalismo", o segundo no espaço de dois dias.

A Comissão de Utentes da A28 não ficou "surpreendida" e "acredita" que actos semelhantes se poderão repetir - dada a "revolta social" gerada por uma medida de um "Governo autista", acrescenta. O presidente social-democrata da Câmara de Esposende, João Cepa, escusou-se a comentar "por se tratar de um caso de polícia".

Recorde-se que, na madrugada de sábado, já tinham sido colocados pneus a arder na cabine do pórtico de Neiva, em Viana. Em Esposende, o ataque ao pórtico aconteceu às 1h55 de segunda-feira. Chamado ao local, o Destacamento de Trânsito da GNR de Viana conseguiu recolher cinco invólucros de uma pistola de calibre 9. As câmaras de videovigilância da auto-estrada registaram duas pessoas, encapuzadas e armadas, que saltaram a vedação e efectuaram os disparos. Puseram-se em fuga, a pé.

A GNR procedeu à recolha da prova e deverá encaminhar hoje a participação para o Tribunal de Esposende. Caberá ao procurador do Ministério Público determinar que força policial investigará o caso.

Segundo as empresas responsáveis pela gestão e operacionalização da cobrança de portagens, o "ataque não afectou o sistema, que continuou a funcionar como habitualmente". Tal como no caso de Neiva, a concessionária admite "agir judicialmente para apuramento das responsabilidades", de forma a ser "ressarcida pelos danos causados".

Para a Comissão de Utentes, os actos de vandalismo "previsíveis", são consequência da "posição autista dos políticos", quando decidiram portajar as ex-Scut. "Não quiseram dialogar com ninguém e agora, quase inevitavelmente, acontece isto", frisou o porta-voz, José Rui Ferreira. Afirma que esta violência resulta de "um quadro de desespero" dos automobilistas que diariamente circulam naquela via. E lembra que, nas acções de contestação organizadas pelos movimentos cívicos, "realizada sempreno respeito pelas regras de um Estado democrático", houve quem alertasse para a "onda de revolta" que a medida poderia causar. Na altura, o aviso foi lançado pelo presidente da Câmara do Porto. Rui Rio alertou que o "tratamento discriminatório" que a cobrança representava era "muito perigoso para o Governo". "Estamos à beira de as pessoas se poderem revoltar a sério e com razão", afirmou então o autarca.

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