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Vírus da gripe A mantém cinco pessoas internadas em estado grave nos hospitais

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Casos de gripe A em Portugal com padrão análogo ao resto da Europa NUNO FERREIRA SANTOS

Direcção-Geral de Saúde recomenda intensificação da campanha de vacinação, que se mantém baixa entre os profissionais de saúde

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) tem registo de cinco pessoas internadas em hospitais portugueses com gripe A (H1N1), duas delas nos cuidados intensivos. "Não temos notificação de nenhum óbito, mas os casos que estão a ser tratados são muito graves", alertou o director-geral da Saúde, Francisco George, para quem é urgente intensificar a campanha de vacinação contra aquele vírus. "Cinco pessoas internadas devem constituir um sinal de alerta e de consciencialização para a necessidade da vacina", reforçou o pneumologista e consultor da DGS, Filipe Froes.

"A época gripal ainda está muito no começo e a vacina produz efeito duas semanas depois de ter sido administrada", sustentou Francisco George, considerando que "os casos [de gripe A] que estão a ser seguidos têm um padrão muito semelhante ao dos outros países europeus, onde, apesar da pouca actividade gripal, têm sido notificados casos graves".

No Reino Unido, por exemplo, 302 pessoas estavam em estado crítico por causa da gripe. Embora as autoridades de saúde locais não tenham conseguido perceber quantos dos doentes têm o H1N1 que se espalhou pelo mundo como uma pandemia a partir de 2009, os números oficiais mostram que 24 pessoas morreram nas últimas semanas com o vírus. Destas, nove eram crianças e nenhuma tinha 65 ou mais anos de idade: metade tinham asma ou doenças do foro cardíaco, mas aos restantes não foram detectados quaisquer factores de risco, segundo o jornal britânico Guardian. Além destas, morreram mais três pessoas com uma variante conhecida como vírus tipo B. Também em Espanha a gripe A fez duas vítimas mortais nas últimas semanas.

Face a estes números, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças considerou que a situação no Reino Unido devia servir de aviso aos restantes países europeus e invectivou os governos europeus a adoptarem medidas de incentivo à vacinação, mesmo das pessoas que contraíram o H1N1 o ano passado.

Mais pessoas vacinadas

Em Portugal, a adesão à vacina tem sido baixa mesmo entre os profissionais de saúde, conforme reconhece o director-geral da Saúde. Os únicos números disponíveis por enquanto são os do "Vacinómetro" - um sistema de monitorização em tempo real da taxa de cobertura da vacinação da população portuguesa, dinamizado pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia e pela Associação Portuguesa de Medicina Geral -, segundo o qual, até 14 de Dezembro, a taxa de vacinação era de 60 por cento entre os idosos com 65 ou mais anos de idade, descendo para os 49 por cento entre os portadores de doença crónica e para 50 por cento entre os profissionais de saúde.

São números ligeiramente superiores aos do ano passado, segundo adiantou Filipe Froes, o que não invalida que a taxa de vacinação continue muito aquém do desejável, nomeadamente entre os profissionais de saúde - que são, como sublinha o pneumologista, potenciais "vítimas e vectores" do vírus. "Não há nada que, com rigor científico, contra-indique a vacinação, na ausência de alergia aos constituintes ", diz Filipe Froes, equiparando a vacina a "um imperativo ético, científico e cívico" para médicos e enfermeiros.

Nos Estados Unidos, aliás, os profissionais de saúde que recusem a vacinação "arriscam-se a não ver renovado o contrato, porque, se acontecer um doente ser contagiado por um profissional de saúde, as indemnizações a pagar pelo hospital são brutais". Por cá não há sanções, embora a recusa da vacina por um profissional fique registada.

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