Bloco de Esquerda exige, de novo, esclarecimentos sobre Teatro Rivoli

Bloco de Esquerda exige explicações sobre o Rivoli. Rui Rio defende gestão feita durante a permanência de Filipe La Féria

O Bloco de Esquerda entregou um novo requerimento, no Parlamento, dirigido ao presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, exigindo esclarecimentos sobre o Teatro Municipal Rivoli. A deputada Catarina Martins exige a entrega de um conjunto de documentos que permitam esclarecer "os efeitos e consequências da passagem de [Filipe] La Féria" pelo teatro.

No requerimento, o BE pede que lhe seja entregue cópia dos contratos entre a autarquia e a produtora Todos ao Palco, de La Féria, "desde 2007 e até 2010", o "relatório de contas" do Rivoli para o mesmo período, "incluindo a discriminação das despesas a autarquia com a manutenção, segurança e limpeza de espaços e equipamentos, bem como os custos em promoção dos espectáculos, compra de bilhetes e outros suportados pela autarquia e empresas municipais". Catarina Martins quer ainda saber quantos bilhetes foram vendidos e oferecidos, o valor da "bilheteira líquida e valores pagos pela empresa" ao município, não abdicando também de ter acesso ao "inventário do equipamento técnico do Rivoli antes da entrada da empresa Todos ao Palco e a relação actualizada do equipamento existente".

O BE tem acusado a produtora de La Féria de ter deixado o teatro municipal em mau estado, referindo mesmo a falta e a destruição de algum equipamento. Em comunicado, o BE defende que "o modelo cultural" que Rui Rio quis aplicar ao teatro "falhou" e que "não poderia nunca ter vingado". A conclusão é justificada pelos bloquistas pelo facto de este ser "um modelo contra as companhias culturais, contra a criação cultural, contra a liberdade de criação". Para o BE, a permanência de La Féria no teatro do Porto correspondeu a um modelo cultural "subsídiodependente, onde a câmara suportava grande parte das despesas e onde não havia risco nenhum para a empresa que explorava o Rivoli como um vulgar empresário, em busca de lucro".

Estas questões foram também levantadas pela bancada do BE na sessão de terça-feira da Assembleia Municipal do Porto. "Isso do Rivoli já é uma obsessão, e eu, obsessões, tenho dificuldades em tratar. Não falam de outra coisa", protestou Rui Rio.

O presidente da Câmara do Porto garantiu que La Féria "não degradou nada" e até deixou o Rivoli "mais bem equipado" do que o havia encontrado. Reiterou que "a câmara não deu subsídio nenhum" ao produtor e encenador lisboeta, limitando-se a assegurar nestes quatro anos a "segurança, limpeza e manutenção" do teatro municipal e recebendo em troca cinco por cento da receita de bilheteira. Esta solução, afirmou Rio, resultou num défice anual de 500 mil euros por ano para a autarquia, que, ainda assim, conseguiu uma poupança de "8 a 9 milhões de euros", relativamente ao passado, quando a Culturporto geria o Rivoli.

"Daqui a bocado, quem fica obcecado sou eu", rematou o presidente da câmara, que não conseguiu calar a oposição. O BE comentou que 18 companhias do Porto vão apresentar-se de 18 de Fevereiro a 27 de Março no Teatro S. Luís em Lisboa, por já não terem palco na sua cidade.

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