Deputados do PSD dizem que a Metro do Porto entrou em fase de "incumprimento"

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PSD teme pelo futuro do metro

Parlamentares defenderam ontem que o Governo tem de resolver a situação financeira da empresa, cuja dívida ascende a 2 mil milhões de euros

Um grupo de deputados do PSD na Assembleia da República, eleitos pelo Porto, reuniu-se ontem com o presidente da câmara, Rui Rio, e com as administrações da Porto Vivo, Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) e da empresa Metro do Porto, tendo ficado especialmente preocupado com a situação financeira desta última. "Começa a sentir-se um incumprimento dos seus compromissos", revelou Jorge Costa, porta-voz dos parlamentares na conferência de imprensa que se seguiu às reuniões.

Instado a explicar se o incumprimento diz respeito à banca ou aos fornecedores, Jorge Costa referiu que esse dado não lhes foi especificado, mas acrescentou que "as receitas não chegam para pagar os juros". Segundo Jorge Costa, a dívida da Metro do Porto à banca chegou aos dois mil milhões de euros. Para o parlamentar, a culpa desta situação é do Governo, que acusou de "irresponsabilidade" por ter deixado chegar a empresa a este ponto e por "não avançar com uma solução".

O deputado defendeu "um aumento de capital" para reequilibrar a empresa ou, se tal não for possível, uma renegociação da dívida. Para o parlamentar, face à falta de investimento do Governo, não restou outra solução à Metro do Porto senão recorrer à banca e até elogiou a receita arrecadada pela empresa em bilheteira, "que cobre 70 por cento dos custos operacionais", ou a previsão de "descida dos custos de funcionamento em 15 por cento" para este ano.

Os deputados sociais-democratas opõem-se a um possível desvio de verbas comunitárias que estariam destinadas ao TGV para a construção de uma terceira travessia sobre o Tejo. Para Jorge Costa, esse financiamento deveria ser direccionado para o projecto do metro, o que, nas suas contas, representaria cerca de 1400 milhões de euros. Já do que não quer ouvir falar é do aumento de preços para os utentes, já "sobrecarregados" com o aumento do custo de vida.

Os sociais-democratas criticaram ainda o estado em que se encontra o projecto do metro do Porto. "De adiamento em adiamento, estamos a chegar à paragem total", avisou Jorge Costa, exemplificando com mais um adiamento da construção da linha da Trofa. O deputado constatou que a administração da Metro do Porto já preparou um caderno de encargos para a 2.ª fase do projecto, mas receia pelo destino do mesmo: "É provável que fique parado."

Nos próximos dias, os deputados "laranja" irão questionar o Governo sobre a situação da Metro do Porto, assim como da Porto Vivo, Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU). Conforme Jorge Costa, esta sociedade tem suportado sozinha, sem apoio do Governo, o esforço de reabilitação da baixa do Porto.

O parlamentar elogiou o trabalho da SRU, assinalando que "estão em obra ou já concluídos 20 por cento dos prédios dos quarteirões estratégicos", mas criticou o facto de os prédios do centro histórico estarem todos isentos de Imposto Municipal de Imóveis (IMI), "independentemente do seu estado de conservação".

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