Reabilitação do Teatro do Bolhão pode "abortar"

O corte do financiamento de 300 mil euros para a reabilitação do Teatro do Bolhão, previsto no Orçamento do Estado (OE) para 2011 pode, de acordo com o director da Academia Contemporânea do Espectáculo do Porto (ACE), comprometer o futuro da obra. "A falta deste financiamento significa que o projecto [de reabilitação do Solar do Conde do Bolhão, na Rua Formosa] pode abortar", garantiu à Lusa Pedro Aparício.

Os 300 mil euros são a parte correspondente à contrapartida nacional para o financiamento de uma candidatura ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), respeitante à segunda fase da recuperação do palácio do Teatro do Bolhão, que estava orçamentada em um milhão de euros. "Nós apresentámos a candidatura ao QREN e obtivemos 700 mil euros de fundos comunitários", explicou o director da ACE/Teatro do Bolhão.

As verbas do QREN só são atribuí-das mediante uma contrapartida nacional, ou seja, mediante a existência também de um financiamento, que, no caso do Teatro do Bolhão, teria de ser do Estado português, o que significa que os fundos comuni- tários podem ser retirados. "Este com- promisso estava assumido pelo anterior responsável pela Cultura, António Pinto Ribeiro", explicitou Pedro Aparício, esclarecendo que "a nova ministra não conhece o projecto e não reconhece as garantias que deu o anterior ministro".

A recuperação do palácio decorre há já dez anos tendo sido apoiada pelo Ministério da Educação, pela Câmara do Porto, pela Fundação Eugénio da Almeida, pela Fundação Gulbenkian, e até por privados. "Quem nunca participou na recuperação foi o Ministério da Cultura, que, no entanto, tem o solar classificado e o considera património nacional", destacou.

A obra tem duas fases, estando a primeira, a recuperação do edifício, já concluída. A segunda fase passa por recuperar a antiga litografia que estava nos jardins e transformá-la num teatro, onde a ACE, que é a promotora do projecto, pretende instalar-se, com a sua escola e a sua companhia. "Se não houver ali um espaço, onde seja possível apresentar e produzir espectáculos, não há futuro, porque o palácio por si só não é suficiente", previu o director da ACE. Lusa

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