Agora os segredos de Tutankhamon estão ao alcance de toda a gente na Internet

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Howard Carter (ajoelhado) no túmulo de Tutankhamon, em 1924

A Universidade de Oxford criou uma base de dados com toda a investigação realizada por Howard Carter

Quase um século depois da mais mediática descoberta da egiptologia, os segredos do túmulo de Tutankhamon estão agora ao dispor de todos os interessados na Internet, noticiou este fim-de-semana o diário El País. O Instituto Griffith, departamento da Universidade de Oxford especializado neste domínio da História, acaba de disponibilizar online uma extraordinária base de dados com toda a informação reunida pelo arqueólogo Howard Carter (1874-1939), que localizou o túmulo em 1922.

Em http://www.griffith.ox.ac.uk/gri/4tut.html, os internautas poderão encontrar, sob o título Tutankhamon: Anatomia de uma escavação, as fichas dos 5398 objectos que o arqueólogo britânico reuniu durante a investigação, bem como as fotografias que documentam o trabalho. Trata-se de "um novo tesouro: o do conhecimento", escreve o jornalista Jacinto Antón, do El País.

A pretexto da realização em Madrid - no Palácio de Moncloa, até 16 de Janeiro - de uma das inúmeras exposições que têm vindo a circular por todo o mundo com réplicas dos tesouros deste faraó do século XIV a.C., o El País ouviu o egiptólogo checo Jaromir Malek, responsável científico de Tutankhamon: Anatomia de uma escavação.

O grande fracasso

O atraso na investigação da descoberta de Howard Carter foi a principal razão que levou o Instituto Griffith a avançar com o projecto, explicou. É que durante todo este tempo, disse Malek ao jornal espanhol, só foi ainda verdadeiramente estudado um terço dos testemunhos descobertos na década de 1920 no Vale dos Reis. "A este ritmo, precisaremos de mais de 100 anos para completar o trabalho iniciado por Carter. Este é o grande fracasso da egiptologia."

Malek acrescentou que "o esvaziamento e a inventariação do túmulo, que estava extraordinariamente cheio, foi um processo muito trabalhoso, que consumiu as energias do arqueólogo britânico. Foi um trabalho minucioso, exaustivo, exemplar, mas causou um grande stress a Carter - sobretudo pelas tensões políticas da época -, que não conseguiu fazer a publicação científica da escavação", disse. O egiptólogo checo acrescentou que o resultado da investigação do britânico com o apoio do seu mecenas, Lord Carnarvon, foi "fotografado, mostrado em exposições e numa infinidade de catálogos, livros e revistas", mas permanece "muito pouco estudado cientificamente", até mesmo peças tão icónicas como a máscara de ouro do faraó.

No site - uma base de dados com centenas de documentos que demorou 15 anos a montar - o leitor encontra ainda fotografias, fichas, mapas e notas de conservação e restauro das peças que Carter retirou durante de uma década do complexo túmulo do faraó filho de Akhenaton. A informação, que vai ao pormenor de descrever dia a dia o trabalho do arqueólogo, está distribuída por capítulos, desde os trabalhos no exterior do túmulo, em Outubro de 1922, até às escavações posteriores realizadas até 1930.

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