Foi tão mau que a boa notícia veio de Lyon
Jesus parece ter perdido esse estatuto de líder e foi a prova-rainha da Europa que foi começando a desgastá-lo – o técnico foi pequeno de mais para o palco maior do futebol. Ao contrário de Raúl, que é um imperador em campo, com as suas vestes de “Pontifex maximus” e a imponência que o seu 7 impõe graças aos seus 68 golos na prova. Ele que se vestiu de branco no Real Madrid e foi ali coroado, resolveu agora terminar os seus dias de reinado no azul do Schalke. A falta de classe do Benfica ficou evidenciada na que o jogador espanhol tem a mais, quando amorteceu a bola como só os predestinados podem fazer e a ofereceu a Jurado, já na área, para o 0-1.
Aí começou a chover na Luz. A Europa que acolheu o Benfica começava a expulsá-lo pela porta pequena. Antes Cardozo tinha falhado dois golos e Saviola imitado o paraguaio. Até aparecer Raúl, líder de uma equipa aos soluços na Bundesliga. O Benfica atacava e tinha a bola (61 por cento de posse bola), mas quando o Schalke a roubava criava mais perigo. No final, os “encarnados” somaram 21 remates contra apenas sete do adversário – na Champions conta o estofo.
Atrás desta equipa de Jesus está uma estatística desastrosa, que diz que o Benfica não consegue vencer quando sofre um golo. E na Champions já é uma tradição. Foi a quarta derrota em seis jogos na prova, marcou sete golos e sofreu 12. Quando o Schalke fez o 0-2, já o Hapoel ganhava em Lyon, o que colocava os “encarnados” também fora da Liga Europa. Howedes, sozinho na pequena área, bateu Roberto a nove minutos do fim. Voltou a chover, os lenços brancos saíram dos bolsos dos adeptos e a claque virava costas.
O Benfica precisava de ganhar – de marcar três golos – ou esperar por um golo do Lyon. E se Luisão marcou na Luz aos 87’, a festa veio de França, quando Lacazette fez golo no último minuto e empatou frente ao Hapoel (2-2), abrindo de novo a porta da Europa aos benfiquistas. O jogo acabou, sem chuva. E Jesus respirou de alívio, apesar da humilhação. Como Luis Urzúa quando saiu da cápsula Fénix a 13 de Outubro: não viu sol porque já era de noite, mas sentiu o ar fresco e os abraços.
POSITIVO e NEGATIVO
+
Raúl
A “instituição” entrou na Luz e passeou a sua classe. A assistência para o golo de Jurado é um prazer para os olhos. No final até os adeptos do Benfica tinham cartazes a pedir-lhe a camisola 7, já sagrada.
Howard Webb
Outra instituição. O árbitro que apitou a última final da Champions e do Mundial foi só classe.
-
Jorge Jesus
Sai pela porta pequena, com uma derrota (a quarta) no jogo de despedida da Champions, o tal que disse que queria ganhar. Passou o jogo em pé, ao contrário de Magath, e o 15.º classificado da Alemanha deu uma lição ao campeão português.
César Peixoto
É o novo ódio dos benfiquistas e percebe-se porquê. Não tem classe para estas andanças.
Schalke 04, 2
Estádio da Luz, em LisboaAssistência
Cerca de 30.000 espectadores.
Roberto
5, Maxi Pereira
4(Aimar
4, 46’), Luisão
6, David Luiz
5, Fábio Coentrão
6, Javi García
4, Rúben Amorim
5, Carlos Martins
4(Salvio
-, 79’), César Peixoto
3(Gaitán
5, 46’), Saviola
4e Cardozo
5.
TreinadorJorge Jesus.
Schalke 04Neuer
6, Uchida
6, Höwedes
6, Metzelder
5, Schmitz
6, Kluge
6(Matip
-, 82’), Papadopoulos
6, Jurado
6(Jendrisek
-, 88’), Rakitic
5, Raúl
7e Huntelaar
6(Edu
-, 85’).
TreinadorFelix Magath.
ÁrbitroHoward Webb
7, de Inglaterra.
AmarelosHuntelaar (63’), David Luiz (68’), Saviola (71’), Aimar (77’) e Rakitic (78’).
Golos0-1, por Jurado, aos 20’; 0-2, por Höwedes, aos 81’; 1-2, por Luisão, aos 87’.
Classificação final
Grupo B
1.º Schalke 04, 13 pontos
2.º Lyon, 10
3.º Benfica, 6
4.º Hapoel Telative, 5