Refer exclui colocação de carris no Ramal da Lousã

O autarca da Lousã, Fernando Carvalho, defende que o cancelamento de parte das empreitadas de reabilitação do Ramal da Lousã, que estão actualmente em curso e que já não vão incluir os trabalhos que permitiriam a circulação do eléctrico rápido de superfície entre Serpins e Coimbra, representam "mais um duro revés para o projecto". A decisão de cancelamento das empreitadas não foi formalmente comunicada aos municípios envolvidos no projecto mas, de acordo com o autarca, em dois ofícios datados de 15 de Novembro e dirigidos aos consórcios de empresas responsáveis pelas intervenções, a Refer comunicou a "supressão" dos trabalhos de "colocação das plataformas da via", de "colocação dos carris", bem como de toda a "catenária" (sistema de distribuição e de alimentação eléctrica de uma ferrovia).

"Das duas, uma: ou não sabem o que hão-de fazer com o projecto e por isso estão a cortar e a mandar parar, ou então têm uma solução que não passa pela ferrovia. As duas são igualmente graves porque, por incrível que pareça, não nos foi dito absolutamente nada", critica o autarca. Também ontem, o Núcleo da Lousã do Bloco de Esquerda emitiu um comunicado onde classifica a decisão da Refer e do Governo como uma "traição" às populações que "assistiram ao desmantelamento do Ramal da Lousã".

As duas empreitadas parcialmente canceladas são as que prevêem a reabilitação das infra-estruturas no troço Alto S. João/Miranda do Corvo e no troço Miranda do Corvo/Serpins, e que se inseriam na 1.ª fase do Sistema de Mobilidade do Mondego. As intervenções globais de reabilitação do Ramal da Lousã tinham um custo global previsto de 51 milhões de euros.

Questionada pelo PÚBLICO, a Refer não prestou ainda qualquer esclarecimento sobre o cancelamento das empreitadas, no entanto, nos ofícios dirigidos às empresas, a justificação apresentada para a supressão de trabalhos prende-se com os limites ao endividamento que foram colocados pelo Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) às empresas do sector empresarial do Estado.

"É com grande mágoa que vejo governantes de um Governo PS a proceder desta forma", lamenta o autarca da Lousã, também do PS.

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