Rio de Janeiro: Forças de segurança ameaçam entrar nas favelas onde se concentram traficantes

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Os responsáveis pediram aos moradores para se abrigarem Bruno Domingos/Reuters

Polícias e militares estão preparados para entrar “a qualquer momento” no complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, cercado desde sexta-feira, e onde as autoridades calculam que se tenham concentrado mais de 500 traficantes de droga.

Informações do meio da tarde pareciam apontar para uma rendição pacífica, mas um tiroteio e disparos dos sitiados contra um helicóptero da Polícia Civil, que sobrevoava a zona em busca de esconderijos, rapidamente voltaram a aumentar a tensão e a incerteza.

“Estamos a chegar aos momentos finais para a retomada do Alemão. Estaremos do lado de fora por muito pouco tempo. Aqueles que querem render-se devem fazer isso agora”, disse ao fim da manhã o comandante-geral da Polícia Militar, Mário Sérgio Duarte, citado pela imprensa brasileira. Mais concreto foi o relações públicas da Polícia Militar, coronel Lima Castro, que explicou depois que o prazo para a rendição terminaria “assim que o Sol se puser”.

O coordenador da organização não-governamental AfroReggae, que, por volta do meio-dia, entrou na Favela da Grota para contactar traficantes, escreveu no Twitter, algum tempo depois, que já havia quem estivesse a entregar-se “espontaneamente”. Mais tarde, citado pela edição on-line do jornal "O Globo", disse que “não demonstraram disposição para o enfrentamento”.

Júnior, que terá sido chamado por traficantes e moradores da zona cercada pelas forças militares e policiais, acredita que pode não chegar a acontecer o confronto entre o forte dispositivo de cerca de 800 homens e sofisticado material de guerra e os 500 a 600 elementos de organizações criminosas que a Polícia Militar acredita que se tenham concentrado no complexo do Alemão. “Ninguém quer ser preso. Eu conversei com eles e muitos falaram em sair do crime, mas na hora do desespero as pessoas falam qualquer coisa. Eu os aconselhei a entregarem-se imediatamente.”

O apelo de Mário Sérgio Duarte à rendição “enquanto há tempo” foi feito cerca de uma hora antes de Júnior ter entrado na favela.

“Depois que entrarmos, as coisas vão ser extremamente complicadas”, afirmou, citado pela imprensa brasileira. Mário Sérgio Duarte referiu que não há “nenhuma chance de os traficantes serem bem-sucedidos” e acrescentou que alguns líderes estavam a “tentar fugir”.

O responsável pediu aos moradores para não saírem de casa e se abrigarem quando a polícia avançasse. Após as declarações, segundo "O Globo", cerca de 50 famílias deixaram o morro.

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