Quercus denuncia abate ilegal de 27 sobreiros em bom estado em Benavente

Foto
A GNR levantou um auto de contra-ordenação Pedro Cunha (arquivo)

Pelo menos 27 sobreiros em bom estado vegetativo foram abatidos ilegalmente na Mata do Duque, no concelho de Benavente. A Quercus pede a regulamentação do negócio da lenha que, acredita, está na origem do sucedido.

Segundo José Paulo Martins, do núcleo da Quercus de Beja, a associação recebeu a denúncia no final da semana passada, após o que se deslocou ao local. “Constatámos que foram cortadas muitas dezenas de árvores e que eram visíveis vestígios de ramos e folhagem verde”, informa a associação em comunicado. “Verificámos também a presença de um tractor com atrelado, carregado de troncos de árvores verdes não cintadas, em lotes do empreendimento imobiliário da Mata do Duque II, promovido pela Benim – Sociedade Imobiliária, SA, na freguesia de Santo Estêvão, em Benavente”.

O Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR levantou um auto de contra-ordenação pelo abate ilegal de 27 sobreiros em bom estado vegetativo, apesar da empresa apenas estar autorizada a cortar sobreiros secos.

José Paulo Martins lamentou que, a par das árvores secas, cintadas e com autorização para serem abatidas, tenham sido cortadas árvores verdes, sem autorização. “Não podemos subestimar a importância que tem o negócio da lenha”, salientou o responsável ao PÚBLICO, referindo que quem é pago para abater as árvores leva a madeira resultante do corte.

“A Quercus tem detectado outras situações idênticas, que decorrem de abates não autorizados de espécies protegidas, cuja madeira entra no circuito comercial de venda de lenha, sem controlo do Estado”, escreve a associação em comunicado.

“Sabemos que não será fácil mas seria necessário que o negócio da lenha seja regulamentado e fiscalizado, procurando saber qual a origem da madeira”, explicou José Paulo Martins. “Infelizmente não basta que seja levantado um auto, é preciso que a Autoridade Florestal Nacional faça avançar o processo de contra-ordenação”.

"Até à data, ainda não foi recebido qualquer auto sobre o assunto em questão na Direcção Regional de Florestas de Lisboa e Vale do Tejo", informou o gabinete de imprensa do Ministério da Agricultura, ao PÚBLICO. "O auto, quando der entrada, será instruído normalmente", acrescentou.

Hoje comemora-se o Dia da Floresta Autóctone.

Notícia actualizada
Sugerir correcção
Comentar