Torne-se perito

China disponível para ajudar, Portugal quer exportar mais

Wen Jiabao acha que Portugal vai ultrapassar a actual turbulência financeira

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, disse ontem estar confiante que Portugal pode ultrapassar a actual turbulência financeira. Na resposta, José Sócrates garantiu que leva "muito a sério" a parceria com Pequim e que Portugal precisa de exportar mais para a China.

Num encontro de meia hora em Macau com o primeiro-ministro português, à margem da III conferência ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que termina hoje, Wen disse que o seu país está disponível para auxiliar Portugal, "caso necessário". "Acreditamos plenamente que Portugal tem capacidade para ultrapassar as dificuldades" que está a atravessar, disse. "Caso necessário, a China está disposta a prestar total apoio", prometeu.

José Sócrates afirmou que o Governo português leva "muito a sério" a parceria com a China e quer "desenvolvê-la e ampliá-la". Mais tarde, em declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro português recordou o objectivo de duplicar o volume das trocas comerciais entre a China e Portugal até 2015. Sócrates enfatizou a necessidade da relação económica entre os dois países se tornar "mais equilibrada", nomeadamente através do aumento das exportações.

Negócios à vista

Ao lado da política, nesta visita, andam os negócios. Embora, por enquanto, sejam possibilidades. Ontem, Pequim anunciou a criação de um fundo de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa no valor de 730 milhões de euros, totalmente financiado pela banca chinesa.

E, no plano bilateral, Basílio Horta, presidente da AICEP, Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, mostrou-se favorável à entrada do Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), o maior banco chinês, no capital do Millenium BCP. Isso poderia ser "muito útil", uma vez que o ICBC "está a pensar" em abrir uma filial em Lisboa, afirmou.

Quanto ao receio de que a maioria do capital de empresas estratégicas portuguesas, como é o caso da EDP, possa ficar nas mãos de investidores estrangeiros, Basílio Horta diz que, "hoje em dia, já não faz sentido". "No mundo globalizado em que nós estamos, os centros de decisão são onde estão as competências", defendeu o presidente da AICEP. "Portugal é uma economia aberta, estamos a tentar atrair investimento estrangeiro. Se os chineses querem entrar na EDP, por que não? Esse não será seguramente um obstáculo", disse. A companhia eléctrica China Power International revelou recentemente o interesse em entrar no capital da EDP.

Pelo menos no BES, os investidores chineses "são bem-vindos", assegura o presidente do BES Investimento do Brasil, Ricardo Espírito Santo. "Se houver bancos chineses que queiram comprar acções no BES, nós ficaremos muito satisfeitos com esse investimento, que mostra uma aposta e confiança na gestão do banco", afirmou Espírito Santo.

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