Contrariando os fortes ventos de recessão que se fazem sentir no nosso país, está de volta o maior e mais abrangente festival de jazz nacional com um cartaz fortíssimo em que se destaca o regresso do saxofonista Charles Lloyd, de novo acompanhado pelo superquarteto que tem deslumbrado audiências um pouco por todo o mundo. O Guimarães Jazz assinala um ano como todos os outros: em grande. 

A abrir o festival, amanhã, dia 11, apresenta-se um projecto que celebra a obra do histórico vibrafonista e compositor Lionel Hampton. Integrando figuras de grande plano como Jason Marsalis, Roberta Gambarini, Jesse Davis ou Curtis Fuller, antevê-se uma verdadeira festa do swing. Já no segundo dia, a programação dá lugar a uma estrela do jazz moderno norte-americano, o saxofonista alto Kenny Garrett. Para quem não o viu ainda, numa das diversas visitas ao nosso país, inclusive ao lado de Miles Davis num concerto histórico no Coliseu de Lisboa, fica a certeza de que se ouvirá um jazz pleno de energia, de inspiração hard-bop, marcado pelos solos exuberantes do líder. No sábado, dia 13, dá-se um dos momentos mais esperados do festival, a actuação do Saxophone Summit, um colectivo liderado por três grandes figuras do saxofone tenor - Joe Lovano, Dave Liebman e Ravi Coltrane. Contando ainda com a secção rítmica de Phil Markowitz no piano, Cecil McBee no contrabaixo e Billy Hart na bateria, este supergrupo irá homenagear Michael Brecker, procurando explorar os extremos limites do jazz visitados por John Coltrane no final da sua carreira. O primeiro fim-de-semana termina com a habitual actuação do colectivo TOAP/Guimarães, este ano com Julian Arguelles, André Fernandes, Mário Laginha, Nelson Cascais e Marcos Cavaleiro.

Na quarta-feira seguinte, o regresso dá-se com The Story, grupo formado por jovens talentos nova-iorquinos que foi simultaneamente escolhido para animar os after-hours do festival. Verdadeiramente imperdível, no entanto, é o regresso do Charles Lloyd New Quartet, no dia 18, uma formação que atravessa um impressionante pico de forma tendo assinado, no Angra Jazz 2009, um dos melhores concertos do ano. Com Jason Moran no piano, Reuben Rogers no contrabaixo e Eric Harland na bateria. No dia seguinte é a vez do Gonzalo Rubalcaba Quintet, um projecto que integra o fascinante saxofonista Yosvany Terry e que explora as raízes afro-cubanas do jazz, operando uma re-actualização contemporânea ligada à linha da frente do jazz moderno norte-americano. No sábado, dia 20, à tarde, o grupo The Story dirige a Big Band da ESMAE, mostrando o resultado de uma semana de trabalhos. Segue-se, no mesmo dia, outro dos pontos altos do festival: o encerramento com o colectivo New York Composers Orchestra. Formação lendária representante do movimento nova-iorquino downtown dos anos 90, a NYCO reúne-se propositadamente para o festival e integra nomes como Wayne Horvitz, Robin Holcomb, Marty Ehrlich, Briggan Krauss, Curtis Fowkles, Tom Varner ou Bobby Previte. Uma ocasião histórica decididamente a não perder.