Torne-se perito

O interesse chinês

Portugal como ponte para África e Brasil

Os chineses olham para Portugal na sua dimensão global e não apenas a nível geográfico: têm todo o interesse no país como plataforma para a Europa e como ponte para os países de expressão portuguesa, especialmente o Brasil e Angola, lembra o presidente da AICEP, Basílio Horta. "Os chineses são hoje o principal parceiro comercial do Brasil e, quanto a Angola, são os principais investidores e os segundos parceiros comerciais, mas entram melhor nesses mercados com um parceiro de expressão portuguesa", sublinhou o responsável máximo da agência.

Entre os dois países, as relações comerciais têm vindo a crescer: as estatísticas oficiais chinesas indicam um aumento de 65 por cento de exportações portuguesas para a China em 2009, muita da qual indirecta e por isso não contabilizada pelo Instituto Nacional de Estatística, afirma Basílio Horta. Já no que respeita ao investimento, "há um longo caminho a percorrer", admite.

A mesma opinião é partilhada por Virgínia Trigo, professora e investigadora no ISCTE. "Além do investimento no pequeno comércio, especialmente destinado a escoar excessos de produção, existe muito pouco investimento de outro tipo em Portugal e, tanto quanto sei, o pouco que existe tem-se mantido estável", referiu ao PÚBLICO esta especialista em economia chinesa.

Virgínia Trigo, que viveu e trabalhou na Ásia mais de 13 anos, nota também que se sente um desinteresse generalizado. "Pela minha experiência pessoal, desde que regressei a Portugal pude constatar que as empresas portuguesas não estão interessadas na China e provavelmente o país também não". O que sucede, pelo contrário, é que "o intensificar de relações acontece muito esporadicamente em reacção a um acontecimento político importante, como seja a visita de uma personalidade como o Presidente ou o primeiro-ministro, como agora". Esta responsável lembra também que os chineses têm mostrado interesse em comprar um banco português, que poderia "servir sobretudo para apoiar os interesses chineses em África (Angola)". Inês Sequeira

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