Óscar reacende polémica sobre alegado anti-semitismo de Godard

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Jean-Luc Godard DR

Cineasta ainda não respondeu à Academia sobre a sua presença na entrega dos Óscares honorários, já dia 14.

O cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard é anti-semita? A alegação não é nova, mas tem ressurgido nos últimos dias, desde que a Academia de Hollywood anunciou que lhe irá atribuir um Óscar honorário. "Como lidar com as recentes acusações de que o sr. Godard, um mestre do cinema moderno, acolhe há muito perspectivas antijudaicas?", pergunta o jornalista Michael Cieply, do "New York Times", notando que a polémica tem vindo a alastrar na "imprensa judaica".
 
A Academia, que espera ainda que Godard responda ao convite para estar presente na sessão de entrega do Óscar que terá lugar em Los Angeles no próximo dia 14 (apesar de a sua mulher ter já dito que ele está demasiado frágil para viajar), reagiu à controvérsia, afirmando não ter considerado "convincentes" as acusações de anti-semitismo endereçadas ao cineasta.

Boa parte dos argumentos esgrimidos pelos que têm criticado a decisão da Academia fundam-se numa biografia de Godard publicada, em 2008, por Richard Brody, um crítico de cinema da revista "New Yorker". Brody, ao mesmo tempo que elogia sem reservas a obra do cineasta de 79 anos, constrói a imagem de um homem cujo alegado anti-semitismo teria raízes no protestantismo da sua família franco-suíça. O próprio Godard já afirmou publicamente que o seu avô paterno era "antijudeu", mas acrescentou, sublinhando a diferença, que ele próprio era "anti-sionista". 

Militante activo da causa palestiniana, nada parece indicar que a oposição de Godard à política de Israel se funde num ódio étnico. Um dos episódios aparentemente mais significativos que o seu biógrafo recolhe é o de uma alegada conversa em que Godard terá chamado "sale juif" [porco judeu] a Pierre Braunberger, um produtor que apoiou o movimento da Nouvelle Vague. Segundo Brody, Braunberger terá entendido a frase como um insulto imperdoável, mas o canadiano Bill Krohn, autor de uma crítica demolidora do livro de Brody, sugere que não só se tratou de uma expressão afectuosa dirigida a um velho amigo, como Godard estaria a aludir a uma cena clássica do filme "A Grande Ilusão", de Jean Renoir.
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