Mihaela Marinova é filha de Agostinho Neto

O primeiro Presidente da República de Angola, António Agostinho Neto, teve uma filha búlgara, Mihaela Radkova Marinova, em vésperas do 25 de Abril, anunciou agora em Luanda o site Club-K.net, na sequência de anteriores informações menos pormenorizadas sobre o assunto.

Os jornais da Bulgária já teriam contado o que se passou e muita gente nesse país do Leste europeu se lhe referirá como “a filha do falecido Presidente angolano Agostinho Neto”. Mas em Angola um núcleo duro do regime instalado em 1975 pelo MPLA sempre procurou que o assunto transcendesse para o domínio público. Diz aquele site que a primeira vez que um jornalista angolano tentou escrever sobre tal matéria, em 1993, acabou por aparecer morto.

O então líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) teria conhecido a mãe de Mihaela quando esteve na Bulgária de 13 a 19 de Julho de 1973, hospedado no hotel Rila, da cidade de Sófia, a capital, havendo a criança nascido quando em Lisboa decorriam as últimas semanas da governação de Marcelo Caetano.

Dada a pressão do sistema comunista que entretanto vigorava na Bulgária e que discriminaria as ligações das suas cidadãs com indivíduos negros, a mãe de Mihaela teria optado por a entregar a um orfanato, para que visse a ser adoptada. Mas, decorrido pouco mais de um ano e meio, a mulher soube que Angola se tornara independente, sob a presidência, nada mais nada menos, do que aquele que fora o seu amor de alguns dias de Verão.

Numa nova deslocação de António Agostinho Neto a Sófia, agora já como chefe de Estado, a cidadã búlgara contactou-o e deu-lhe a conhecer que da aventura escaldante nascera uma filha, para cujo sustento ele passou a enviar dinheiro, durante os poucos anos de vida que lhe restaram. Mas em vão, pois a mulher nem sabia então aonde é que a criança fora parar, depois de se ter desenvencilhado dela.

Com a ajuda da polícia, Mihaela viria a ser reencontrada pela mãe quando já tinha 15 anos, em 1989, altura da queda do Muro de Berlim.

A jovem adolescente foi então aconselhada a procurar a família paterna, sem no entanto revelar a identidade da progenitora, que estava casada e não queria ter problemas conjugais.

Segundo afirmações de uma irmã da senhora, com o dinheiro que o Presidente Neto lhe mandou para o sustento da filha que ela nem sabia onde estava chegou mesmo a comprar uma casa.

Depois de terem começado a surgir as informações sobre a existência de Mihaela, o sucessor de Agostinho Neto, José Eduardo dos Santos, teria enviado em 1995 uma delegação especial à Bulgária, sob a direcção do então embaixador angolano em Belgrado, Felisberto Monimambo, para uma reunião com a jovem.

Casada com um zimbabweano

Em 1998, aos 24 anos portanto, Mihaela Marinova foi viver para Harare, depois de se ter casado com um zimbabweano do qual já tem uma filha de 18 anos. E no país de Robert Mugabe contactou uma funcionária da embaixada de Angola, Luísa Chongololo, para se dar a conhecer como filha do antigo Presidente da República. Uma irmã deste, Ruth Neto, presidente da Organização da Mulher Angolana, foi em 1999 ao Zimbabwe especialmente para conhecer a sobrinha, que teria achado parecida com a filha mais nova do ex-chefe de Estado, Leda, uma economista que trabalha actualmente no Banco Nacional de Angola.


Na família de António Agostinho Neto, há pessoas que aceitam que Mihaela seja de facto sua parente, mas outras não o quererão admitir. Entre estas, a viúva, que é a escritora Maria Eugénio Neto, de 75 anos, nascida em Trás os Montes e que em 1958 o desposou em Lisboa, no mesmo dia em que ele se licenciava em Medicina.

Desde há sete anos, dado o agravamento da situação no Zimbabwe, Mihaela Radkova Marinova encontra-se a viver em Londres, onde trabalha na área da hotelaria. Mas em Novembro de 2004 chegou a deslocar-se a Luanda, onde o velho nacionalista Agostinho André Mendes de Carvalho, que usa o pseudónimo literário de Uanhenga Xitu, se comoveu com a história, tendo igualmente sido recebida por outra figura histórica, Roberto de Almeida, vice-presidente do MPLA.

Sugerir correcção
Comentar