O romancista inglês de origem indiana Salman Rushdie vai publicar as suas memórias em 2012, com a chancela da Random House, que pagará uma pequena fortuna pelo privilégio. Os termos do contrato não foram divulgados, mas o jornal inglês "The Independent" garante que o valor em causa é da ordem dos milhões de euros. O anúncio foi divulgado na semana passada pela Random House, que tenciona publicar a obra simultaneamente em inglês, alemão e espanhol, distribuindo-a em diversos países, quer em versão impressa, quer nas modalidades de e-book e audiolivro.
Vencedor do Booker Prize e considerado um dos mais importantes ficcionistas da actualidade, Rushdie tornou-se mundialmente famoso no início de 1989, quando o então governante iraniano Ruhollah Khomeini lançou uma "fatwa" contra o escritor, apelando aos crentes muçulmanos para que o assassinassem. Rushdie acabara de publicar "Os Versículos Satânicos", livro que Khomeini considerou blasfemo e ofensivo para o Islão. Esta ameaça obrigou o romancista a viver anos numa quase clandestinidade, experiência de que nunca falou muito, mas que agora se dispõe a relatar no seu anunciado livro de memórias, no qual abordará também os seus sucessivos casamentos. A modelo, chefe de cozinha e apresentadora televisiva Padma Lakshmi, de quem se divorciou em 2007, era já a sua quarta mulher, depois da agente literária Clarissa Luard, que morreu com um cancro em 1999, de Elizabeth West, ex-assistente editorial da Bloomsbury, e da escritora Marianne Wiggins.
Num comunicado enviado à imprensa inglesa, a Random House prevê que as futuras memórias de Rushdie sejam "uma evocação da vida pública e privada" do escritor, com capítulos dedicados à sua experiência como aluno estrangeiro em liceus e universidades britânicas, à sua evolução como escritor, às suas relações com as mulheres e filhos, e aos anos que viveu ameaçado pela sentença de morte decretada pelo ayatollah Khomeini.