Acordo frágil no G20 acentua queda do dólar face ao euro

Apesar de os ministros das Finanças presentes na Coreia num encontro de preparação da cimeira a realizar no próximo mês terem tentado mostrar o máximo de consenso possível, ninguém acredita que, a partir de agora, se vá passar a assistir a uma maior estabilidade nos mercados cambiais. O resultado, ontem, foi uma nova descida do dólar face ao euro, reforçando a ameaça de perda de competitividade internacional por parte das economias da zona euro.

Na Coreia do Sul, os representantes do grupo que inclui as maiores potências económicas mundiais e os principais países emergentes publicaram no domingo um comunicado em que se comprometiam a evitar políticas de "desvalorização competitiva" e a deixar os mercados definirem as taxas de câmbio. A ser tomada à letra por todos os países, países como a China mas também os EUA teriam que mudar o rumo da sua política económica, que tem contribuído para uma desvalorização das suas divisas, à custa principalmente do euro.

No entanto, como revelam as análises ontem publicadas ontem por vários bancos internacionais, o texto do comunicado do G20 não é suficientemente forte para que se passe a acreditar numa mudança. "o comunicado final mostra todos os sintomas de um compromisso fraco entre os vários interesses concorrentes", escreveram os analistas do UBS, prevendo uma quebra do dólar nos mercados internacionais.

Os responsáveis do Citigroup pensam o mesmo. Num relatório ontem publicado dizem que o encontro do G20 no passado fim-de-semana "vai servir para reforçar a pressão descendente" do dólar, uma vez que o comunicado do encontro ficou muito longe do tipo de acordos que, nos anos 80, serviram para evitar uma queda profunda do dólar.

Em confronto estão, principalmente, as economias dos EUA, China e zona euro. Do lado dos norte-americanos, com o seu secretário do Tesouro, Timothy Geithner, a liderar, pede-se que a China deixe de indexar o yuan ao dólar, desvalorizando artificialmente a sua divisa. Na China, respondem, lembrando que os EUA, com uma política cambial muito agressiva de injecção de liquidez está a contribuir para uma excessiva quebra do dólar. Na Europa, perde-se para os dois lados, já que o euro continua a ganhar valor face ao dólar e ao yuan, ameaçando a competitividade das duas exportações.

Ontem, o euro ficou muito próximo dos 1,4 dólares, o valor mais alto desde 15 de Outubro, prevendo-se para já uma continuação da tendência de subida.

com agências
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