Há "muito pouca sensibilidade" para poupar em Portugal

Das pessoas que fazem poupanças em Portugal, mais de metade considera como aforro "o dinheiro deixado numa conta à ordem para gastar mais tarde", segundo o inquérito sobre literacia financeira feito pelo banco central e divulgado ontem.

A resposta, dada por 54 por cento dos inquiridos que dizem poupar dinheiro, demonstra, segundo o supervisor, "alguma inércia quanto à poupança". O que, por sua vez, decorre da falta de sensibilização da importância desta questão ou do "desconhecimento sobre as possíveis aplicações" onde possam rentabilizar o seu dinheiro, já que o mantêm numa conta à ordem até ao momento do consumo. Embora sublinhe que os resultados do inquérito não podem ser utilizados para conclusões sobre o volume ou frequência das poupanças, o Banco de Portugal (BdP) constata que "a população é muito pouco sensível à importância de poupar".

Dos inquiridos que disseram fazer algum tipo de aforro, só 22 por cento guardam dinheiro "numa perspectiva de médio e longo prazo". A este dado há que acrescentar o facto de que, do total do universo abrangido pelo inquérito, só pouco mais de metade (52 por cento) ter afirmado fazer poupanças. É que os outros 48 por cento disseram que não faziam qualquer tipo de aforro, principalmente porque os seus rendimentos não permitem (resposta dada por 88 por cento dos que não poupam).

Dados que são conhecidos num quadro de perda de poder de compra e aumento de impostos, ao mesmo tempo que se tem vindo a destacar a importância da poupança para o reequilíbrio da economia nacional. A questão da pobreza e da inclusão financeira e social também é referenciada, já que cerca de 11 por cento dos inquiridos afirmaram não ter conta bancária, principalmente pela ausência de rendimentos que o justifique (razão apontada por 67 por cento dos que não têm contas). Há um ano, o PÚBLICO já divulgara que existem 243 mil famílias portuguesas sem contas bancárias.

As informações recolhidas pelo BdP, e que dão ainda conta da falta de conhecimentos adequados em diversas áreas, como os reais encargos com empréstimos, serão alvo de uma análise mais aprofundada a divulgar em 2011.

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