Não está claro se o concerto dos Arcade Fire, a 18 de Novembro no Pavilhão Atlântico, se vai realizar. O espectáculo é considerado incompatível com a cimeira da NATO, marcada para a FIL, nos dias seguintes, 19 e 20. Mas Álvaro Covões, responsável da produtora Everything Is New, diz que "não existe um papel que prove e impeça a concretização do espectáculo". Até hoje, diz um assessor da Parque Expo, a gestora do pavilhão "não tem qualquer conhecimento do cancelamento" do concerto.
Paula Mascarenhas, assessora do ministro dos Negócios Estrangeiros, diz que o concerto "é completamente impossível", porque o Pavilhão Atlântico se encontra "no primeiro perímetro de segurança", que é "o mais importante" da cimeira. Apesar de o concerto da banda canadiana se realizar na véspera da cimeira, que decorre nos dias 19 e 20, a operação de segurança "começa dias antes".
O promotor alega que "o concerto está marcado há muito tempo, muito antes de a cimeira ter sido marcada". Porém, do lado do governo, Paula Mascarenhas assegura que a promotora também "há muito tempo que sabe desta decisão". "Desde Março que andamos em reuniões. Não é o Ministério dos Negócios Estrangeiros [MNE] quem decide, são questões de segurança que temos de cumprir. Existem pessoas especializadas que tratam da segurança e decidem o que tem de ser feito e nós temos de nos submeter", defende a porta-voz do MNE.
Álvaro Covões discorda: "Nós não temos de fazer nada. Da nossa parte está tudo certo e juridicamente não existe nada que impeça o espectáculo". Questionado sobre as reuniões, o promotor explicou que, em Julho, foi-lhe "solicitada a presença numa reunião" em que foi comunicado que o concerto não poderia ser a 18 de Novembro. "Falámos com a banda e foi impossível alterar a data, assim como também não é opção mudar de lugar por motivos técnicos", acrescenta.
O MNE não se mostrou disponível para esclarecer a questão de não haver um papel que prove e impeça o concerto, como sustenta o promotor. Mas "naquela data é impossível e as reuniões serviram exactamente para explicar à promotora os motivos da impossibilidade do evento. Se o concerto muda de lugar, é adiado ou cancelado, é a promotora que trata disso", sublinha Paula Mascarenhas. Um assessor da Parque Expo, João Sebastião, esclarece que esta empresa, "ao saber que o Pavilhão Atlântico estava interdito, comunicou ao MNE de que teria de avisar a promotora". "Até hoje, a Atlântico não tem qualquer conhecimento do cancelamento do espectáculo."
Em risco de ver o concerto cancelado, Covões defende que, "caso [isso] aconteça, alguém tem de assumir a responsabilidade e pagar por isso. Mas seria uma vergonha a um mês do espectáculo o Governo cancelar". Uma produção deste genéro pode custar até 500 mil euros, diz um outro produtor de espectáculos ao PÚBLICO, pedindo para não ser identificado.