BE exorta diplomacia portuguesa a colocar ONU acima da Nato

“Portugal tem de decidir, a diplomacia portuguesa tem de decidir de que lado é que está”, defendeu o líder parlamentar bloquista, José Manuel Pureza.

Para José Manuel Pureza, se Portugal estiver “do lado do reforço da Carta das Nações Unidas e do direito internacional e, então, esta terá sido uma boa notícia”.

“Se, pelo contrário, está do lado de uma desvalorização das Nações Unidas protagonizada pela NATO e, portanto, nessa altura, esta terá sido uma notícia de menor importância, e isso seria muito mau”, sublinhou.

Pureza argumentou, em declarações aos jornalistas, no Parlamento, que “se esta eleição significar um maior compromisso da diplomacia portuguesa com o cumprimento, com o primado do direito internacional, esta eleição terá sido uma boa notícia”.

Para o deputado, “a verdade é que o Conselho de Segurança e as Nações Unidas em geral têm sido progressivamente relegados para um lugar secundário na regulação das relações internacionais. E há um nome que está particularmente ligado a essa desvalorização: esse nome é o da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a NATO”.

O líder parlamentar bloquista lembrou a simultaneidade de Portugal se juntar ao Conselho de Segurança da ONU e de acolher a Cimeira da Nato, que vai ocorrer em Lisboa em Novembro.

Pureza sublinhou que nessa cimeira “a NATO se vai auto-atribuir um poder de intervenção em geografia mundial e para quase todas as questões”.

Portugal foi hoje eleito com 150 votos para um lugar de membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU para o biénio 2011-12.

A eleição foi conseguida numa terceira votação após a desistência do Canadá, o país que disputava com Portugal um dos dois lugares no agrupamento regional “Europa Ocidental e Outros”.