Água doce que chega aos oceanos aumentou quase um quinto em 13 anos

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Fotografia de satélite das inundações no Paquistão em Julho deste ano NASA/Japan ASTER Science Team

A água evapora-se dos oceanos, criam-se nuvens, chove e nos continentes os rios levam esta água de volta ao mar. Mas cada vez em maior volume. Segundo uma equipa de cientistas que utilizou satélites para avaliar os caudais dos rios da Terra, entre 1994 e 2006, o volume anual de água doce que chegou aos oceanos aumentou 1,5 por cento. Tudo porque o termóstato do planeta está mais elevado.

"Pode não parecer muito – 1,5 por cento por ano –, mas ao fim de algumas décadas é uma quantidade enorme", afirma em comunicado Jay Famiglietti, professor de Ciências da Terra da Universidade da Califórnia e investigador principal do estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Academy of Sciences. Ao longo de 13 anos, as medições feitas pelos satélites Topex/Poseidon e Jason-1, da NASA e da Agência Espacial Francesa, e pelos satélites Aerospace Center Gravity Recovery e Climate Experiment, da NASA com o Centro Espacial Alemão, mediram um aumento de 18 por cento de água a chegar aos mares.

Segundo o investigador, esta é outra consequência das alterações climáticas. "As mudanças a longo prazo na precipitação também fazem parte das alterações climáticas. O que mostramos aqui é que actualmente temos as ferramentas para observar as alterações não só a nível do aquecimento global mas também a nível do ciclo hidrológico", disse Josh Williams, do Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA e co-autor do artigo. Um clima mais quente faz com que haja mais evaporação de água, o que origina nuvens mais espessas, capazes de produzir mais chuva. As cheias no Paquistão que ocorreram durante os meses de Verão e afectaram milhões de desalojados são um destes exemplos.

Segundo Jay Famiglietti, apesar de o aumento de precipitação poder ser bom, as tendências têm confirmado o que o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas temia: "A precipitação tem aumentado nos trópicos e no Circulo Árctico, com tempestades mais violentas, enquanto centenas de milhões de pessoas vivem em regiões áridas e semi-áridas, que estão a tornar-se mais secas."

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