Federação desiste da solução José Mourinho

Foto
“Estou fora do jogo, das conversas, das decisões”, garante Mourinho Foto: Susana Vera/Reuters

A primeira versão em português, a segunda em castelhano. Para que não ficassem dúvidas, José Mourinho desmultiplicou-se ontem, em conferência de imprensa, em idiomas e explicações sobre o convite da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) para orientar a selecção. "Sim", o treinador do Real Madrid estava interessado no desafio. "Não", não acreditava que se concretizasse para já. A FPF também não, graças aos sinais que recebeu da direcção do clube, e deixou cair o plano A para substituir Carlos Queiroz.

A bola estava do lado da federação portuguesa. Na antevisão do jogo com a Real Sociedad, da 3.ª jornada da Liga espanhola, José Mourinho quis deixar bem claro que já tinha desempenhado o papel que tinha a desempenhar nesta novela. "Eu não podia dizer não, se não não ficava bem comigo próprio, porque sou português. Mas não posso dizer que sim, porque sou treinador do Real, tenho um trabalho em mãos para os próximos quatro anos. Deixei nas mãos do Real a decisão. Estou fora do jogo, das conversas, das decisões", sublinhou.

Seria uma questão a tratar entre o presidente da FPF e o Real Madrid. E à chegada ao aeroporto de Lisboa, anteontem à noite, Gilberto Madaíl mantinha acesa uma luz de esperança, mesmo que ténue. "Ainda está tudo em aberto", declarou. Ontem, porém, ao que o PÚBLICO apurou, os dirigentes federativos concluíram que o feedback que foram recebendo de Madrid inviabilizava por completo o negócio. E abortaram qualquer plano que pudesse ainda existir no sentido de voltar à capital espanhola para tentar convencer Florentino Pérez, presidente dos merengues.

"É fundamental sentir as sensibilidades locais, o que o Real sente e, a haver uma decisão, teria sempre de ser uma decisão aceite por todos, mas pelas reacções que já senti, até pela imprensa espanhola, parece-me que não é uma situação bem aceite", tinha avisado Mourinho, da parte da manhã, no Santiago Bernabéu.

Antes, o técnico português já tinha deixado claro que o problema nunca seria a conjugação de dois interesses, de dois calendários (o do Real e o da selecção): "Não era uma missão perdida, tinha pernas para andar. Para o Portugal-Dinamarca e o Islândia-Portugal teria tempo. Se fosse para Portugal, levaria teria três jogadores daqui, o Cristiano Ronaldo, o Pepe e o [Ricardo] Carvalho. Aqui vou ficar com três jogadores do Real, o León, o Granero e o Mateos."

O problema foi a receptividade (ou falta dela) dos agentes madrilenos a uma proposta apesar de tudo pouco usual e que surge numa altura em que o Real versão Mourinho ainda dá os primeiros passos. O treinador português, de resto, também não deixou grande margem para dúvidas relativamente ao seu futuro imediato: "Se me perguntarem se acho que vou [para Portugal], acho que não."

Paulo Bento está cada vez mais perto

Gorada a opção José Mourinho, a FPF deverá voltar-se para Paulo Bento, um nome que esteve sempre em cima da mesa e que agora ganha força redobrada. O ex-treinador do Sporting é uma solução vista com bons olhos na direcção do organismo e tem a vantagem de ter disponibilidade imediata, um detalhe fundamental tendo em conta que os próximos jogos da selecção na fase de apuramento para o Euro 2012 decorrem já nos dias 8 e 12 de Outubro.

Sugerir correcção
Comentar