Cinema de sonsCinema de sons no Festival Música Viva

O Poème Électronique de Varèse, concebido em 1958 para o Pavilhão Philips projectado por Le Corbusier, marca o início do festival no Mosteiro dos Jerónimos

Com o sugestivo título Cinema dos Sons sob a Estrelas, o primeiro concerto da 16ª edição do Festival Música Viva, que se inicia hoje, às 21h30, nos Claustros do Mosteiro dos Jerónimos, irá recriar a versão original do mítico Poème Électronique, de Edgard Varèse (1883-1965), precedido pelo preâmbulo de Iannis Xenakis (Concret PH). Composto para a Exposição Universal de Bruxelas de 1958, o Poème Électronique é a única obra inteiramente electrónica de Varèse, tendo sido concebida para ser difundida por um sistema de altifalantes incorporados na estrutura arquitectónica do Pavilhão Philips, projectado por Le Corbusier e Xenakis. Tratava-se de um dos exemplos pioneiros de arte integrada, prevendo a difusão dos sons em simultâneo com luzes e imagens. As peças de Varèse e Xenakis serão combinadas com composições de música electrónica mais recentes, incluindo obras mistas que associam a tecnologia à voz ou a um instrumento acústico como o clarinete. Além da Orquestra de Altifalantes, o concerto terá a participação da soprano Frances Lynch e do clarinetista Nuno Pinto e dará a ouvir obras de Jimi Hendrix, Jonathan Harvey, Isabel Soveral, Alejandro Viñao, Steve Reich e Miguel Azguime.

Promovido pela Miso Music Portugal, associação vocacionada para a criação e promoção da nova música criada há 25 anos por Miguel Azguime e Paula Azguime, o Festival Música Viva prossegue até 25 de Setembro com concertos e outras actividades na Gulbenkian, no CCB e no Instituto Franco-Português. Ponto de convergência da música com a tecnologia, tem-se afirmado como uma importante plataforma de intercâmbio entre criadores portugueses e estrangeiros. O concerto de amanhã (em associação com o Festival Mozart da Gulbenkian) dará a conhecer em Portugal a ópera de John Adams A Flowering Tree (ver Ípsilon) e no próximo fim-de-semana haverá uma aposta forte no público juvenil com a participação do prestigiado Tapiola Choir da Finlândia e do Coro Infantil da Universidade de Lisboa. Destaca-se ainda a presença de grupos como o Norrbotten Neo da Suécia e o Ars Nova da Roménia, bem como a estreia de mais de 30 obras. Programa completo em: http://www.misomusic.com/musicaviva2010.

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