António Costa vai mudar o seu gabinete de trabalho para o Largo do Intendente

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Autarca vai instalar-se na zona em que quer instalar a videovigilância ENRIC VIVES-RUBIO

A revelação provocou sorrisos na sala de reuniões camarárias, que ontem à tarde acolheu a sessão plenária do executivo, também aberta ao público e a primeira após as férias: António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, vai instalar o seu gabinete de trabalho no Largo do Intendente.

A novidade foi revelada pelo próprio líder, num contexto em que recordou o seu programa eleitoral, segundo o qual o eixo Baixa-Praça do Chile, partindo do Martim Moniz e acabando na Almirante Reis, é prioritário para o seu executivo. Outra prioridade: o Largo do Intendente tem de ser revitalizado, porque é rico e deve ser fruído por todos os lisboetas.

A mudança do gabinete de trabalho de Costa para esta última área poderia inserir-se já no processo de descentralização que é sugerido no estudo para um novo modelo de governação da cidade, encomendado pela Câmara de Lisboa ao Instituto Superior e Economia e Gestão, no qual se avaliam propostas de reforma administrativa e que avança propostas de descentralização de serviços camarários e de delegação de competências para as juntas de freguesia. Um primeiro passo já tinha sido dado ao instituir as reuniões camarárias descentralizadas, por grupos de freguesias.

António Costa tentou igualmente inserir a sua mudança no contexto da requalificação urbana, dando destaque ao processo em curso no espaço público da Mouraria, que também passará pelo Intendente. "Se a minha presença aqui, por ano e meio ou dois, ajudar, então melhor", sublinhou o presidente, que, ao alertar que a resolução dos problemas de criminalidade na zona tem de ser vista como um todo, defendia também os méritos da videovigilância para aquele eixo da cidade. A proposta de instalação de câmaras foi aprovada ontem, com abstenções do PSD e do vereador Nunes da Silva, dos Cidadãos por Lisboa, e votos contra do PCP e do independente Sá Fernandes. A mesma proposta seguirá agora para a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) emitir parecer.

Mesmo que tenha dado razão ao vereador do PSD Pedro Santana Lopes - que "pediu prudência" no processo, para que os moradores "não sejam estigmatizados" -, António Costa disse não ser apologista da invasão da privacidade, mas sustentou que o sistema é dissuasor, uma ferramenta para a polícia, e ao mesmo tempo contribuirá para a melhorar o sentimento de segurança. O projecto prevê a instalação de 50 câmaras, sucedendo a outro que foi chumbado pela CNPD, que rejeitou a anterior proposta da Junta de Freguesia de São Nicolau.

Sobre o policiamento Costa disse ainda que há diálogo com a PSP para a reestruturação e relocalização da sua 1.ª Divisão, com a cedência do edifício do Palácio da Folgosa, na Rua da Palma, e a nova localização da esquadra da PSP no Bairro Alto.

O líder municipal do PS fez também questão de intervir depois de o vereador do PCP Miguel Tiago insistir na abertura dos corredores bus a motociclos e velocípedes. "É uma questão delicada", aludiu o vereador Nunes da Silva. E aí Costa voltou a puxar as orelhas à Carris": "Não estamos satisfeitos com o seu serviço, que está em excesso na Baixa e em falta no resto da cidade." Carlos Filipe

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