Milhões de euros em terra

A chegada do Tridente e do Arpão levou a Marinha a lançar uma série de concursos desde 2008 para empreitadas na Base Naval do Alfeite. Só para as instalações da esquadrilha foram feitas obras no valor de oito milhões e meio de euros.

Para o sistema de controlo de acessos foi lançado um concurso no valor de 150 mil euros. Seguiram-se outros, embora sem ser possível apurar custos. Chegou uma grua hidráulica telescópica, remodelou-se a rede de energia eléctrica e adaptou-se um cais. Estes dados encontram-se em anúncios públicos nos jornais e newsletters de empresas. Desde o início que a Marinha tenta que os submarinos escapem à agenda mediática, aplicando a táctica furtiva utilizada em operações: passar despercebido.

O Estado-Maior da Armada poucas vezes saiu em defesa do investimento. Tal era feito por outros que não a hierarquia. Como o vice-almirante Reis Rodrigues, secretário-geral da Comissão Portuguesa do Atlântico, que usou como argumento uma bandeira das autoridades políticas: o alargamento da plataforma continental. Ou seja, aumentar para o dobro a zo- na económica exclusiva no mar, o que equivale a uma área de quatro milhões de quilómetros quadrados. Lembrava que "seria muito incoerente" lutar pelo alargamento junto da ONU e "depois não se esforçar para ter os meios de controlo da área".

A essa linha de argumentação juntava-se outra arma dos defensores dos novos submarinos. A expressão de um ex-ministro da Marinha francês, Charles Dumont, foi usada até à exaustão: "O submarino é a arma dos pobres." O site da Marinha explicava por que é que um investimento de mil milhões era coisa de pobres: "Uma Marinha sem capacidade submarina obrigaria à aquisição e operação prolongada no mar de um elevado número unidades de superfície." "Se não fizermos nós a vigilância desta área, alguém a vai fazer por nós", confidenciou uma alta patente da Marinha. N.S.L.

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