Céptico do clima surpreende ao pedir fundo para combater aquecimento global

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Lomborg diz que as alterações climáticas são um dos maiores problemas do mundo Foto: Sukree Sukplang/Reuters

O céptico climático mais famoso, Bjorn Lomborg, parece ter mudado de opinião. Esta semana, numa conversa exclusiva com o “The Guardian”, pediu um fundo de cem mil milhões de dólares por ano para combater as alterações climáticas.

Num novo livro que será publicado em Setembro, “Smart Solutions to Climate Change”, o dinamarquês defende que devem ser investidos milhões de euros por ano a fim de combater as alterações climáticas, “sem dúvida um dos maiores problemas que o mundo enfrenta hoje” e um “desafio com que a humanidade é confrontada”.

O livro conclui que “investir anualmente cem mil milhões de dólares [78 mil milhões de euros] significaria que poderíamos resolver o problema das alterações climáticas até ao final deste século”.

De acordo com o “The Guardian”, a solução de Lomborg consiste em investir nas energias renováveis e na geoengenharia. O dinheiro, que seria conseguido através de um imposto sobre as emissões de carbono, também deveria ser utilizado em medidas de mitigação – como a construção de barreiras para responder à subida do nível médio do mar – e em cuidados de saúde.

A tomada de posição é surpreendente porque Lomborg, que em 1998 publicou o livro “The Skeptical Environmentalist”, tem sido consistente nos ataques a cientistas do clima, ambientalistas e jornalistas, acusando-os de exacerbarem a dimensão do aquecimento do planeta e os seus impactos na humanidade. Tem afirmado também que o dinheiro investido nesta luta deveria ser orientado para a solução de outros problemas mais prementes.

Ainda assim, o dinamarquês não considera ter voltado atrás. Ao jornal britânico lembrou que sempre aceitou a existência de um aquecimento global de causas antropogénicas. “Aquilo em que sempre tenho insistido é que isto não é o fim do mundo”, disse ao jornal.

As declarações de Lomborg já têm reacções. Rajendra Pachauri, responsável pelo Painel Intergovernamental da ONU para as Alterações Climáticas, disse que “este livro não só fornece informação sobre a realidade das alterações climáticas induzidas pelo Homem como também levanta questões vitais e analisa opções viáveis sobre o que pode ser feito”, citou o jornal “The Guardian”.

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