O campeão foi derrotado na Luz com uma obra de arte de Laionel

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Laionel calou a Luz com um grande golo Hugo Correia/Reuters

Benfica só apareceu depois da expulsão de Addy. “Encarnados” ainda empataram, mas o golo de Laionel nos descontos decidiu tudo.

O mês de Agosto está a ser um suplício para Jorge Jesus. Cada novo dia deve-lhe ser difícil olhar para os jornais e aperceber-se que pode ficar sem mais uma das suas jóias. Foi assim com Di María e, mais recentemente, com Ramires; pode ser assim com David Luiz. Dentro do campo, no jogo com o FC Porto para a Supertaça, foi batido a toda a linha mas, mais que isso, funcionou como a kryptonite para o Super-Homem - o campeão está mais fraco.

A somar a isto tudo, as lesões apareceram. Sem Gaitán, Kardec e Luisão, os remendos de Jesus - com Sidnei no eixo da defesa (que susto), Amorim no meio-campo sem a capacidade heróica de Ramires e Peixoto à esquerda a deixar os benfiquistas a suspirar por Di María - foram buracos a mais para tapar. Do outro lado, a Académica também não está a ter um Verão descansado: perdeu o seu treinador-aspirante-a-Mourinho para o FC Porto e foi-se apetrechando de um par de emprestados. Ao leme, outro portista, Jorge Costa, um defesa duro enquanto jogador, e agora um técnico astuto que soube montar a teia perfeita à volta de um campeão em crise de nervos.

Costa e Jesus entraram no estádio vestidos impecavelmente de fato. Mas no academista este assenta melhor que no benfiquista, que prescindiu do blazer no segundo tempo e arregaçou as mangas – algo que o ex-teinador do Olhanense nunca fez, nem quando perdeu Addy com duplo amarelo em apenas dois minutos ou o Benfica empatou. Manteve-se em pé à frente do banco. A história foi dura para a Académica, que esteve 50 anos sem ganhar na Luz, mas este domingo alcançou a terceira vitória nas últimas quatro temporadas.

O medo cedo se transformou em horror na Luz com o golo de Miguel Fidalgo aos 25’. Na época passada o Benfica ganhou consistência nos lances de bola parada na defesa e no ataque. Agora as coisas mudaram. Com o FC Porto já mostrou fragilidades e este domingo voltou a revelá-las. Fidalgo apareceu sozinho na área e cabeceou sem oposição (Sidnei estava a dormir). E este foi um dos fantasmas com que os benfiquistas foram lidando ao longo da noite. Outro foi César Peixoto, que não voltou do intervalo.

O Benfica melhorou após a expulsão de Addy. Aí, o futebol-galopante do campeão foi aparecendo e teve o seu auge em Fábio Coentrão. Já com Jara em campo, o português serviu o argentino e a Luz finalmente explodiu com o golo. E a vitória esteve muito perto de acontecer. Carlos Martins e Weldon entraram e os “encarnados” carregaram – aí apareceu Peiser, o guarda-redes elástico. O empate não chegava para o Benfica. Nem para Laionel. Nos descontos ganhou a bola e rematou-a, de 40 metros, para dentro da baliza. O chapéu perfeito foi sobre Roberto. A vitória caiu do céu e derrotou o campeão da forma mais nobre. E bela.

Ficha de jogo

Benfica 1
Académica 2

Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa. Assistência 48.905 espectadores.

Benfica

Roberto 5, Maxi Pereira 4 (Carlos Martins 5, 65’), David Luiz 6, Sidnei 3, Fábio Coentrão 7, Javi García 5, Rúben Amorim 4, César Peixoto 3 (Jara 6, 46’), Aimar 4 (Weldon -, 85’), Saviola 5 e Cardozo 4. Treinador Jorge Jesus.

Académica

Peiser 6, Pedrinho 5, Orlando 5, Berger 5, Addy 3, Nuno Coelho 5, Diogo Gomes 6, Diogo Melo 6, Diogo Valente 5 (Pedro Costa 5, 55’), Sougou 6 (Júnior Paraíba -, 90’) e Miguel Fidalgo 6 (Laionel 6, 56’). Treinador Jorge Costa.Árbitro Cosme Machado 4, de Braga. Amarelos Sougou (30’), César Peixoto (45’), Nuno Coelho (49’), Addy (49’ e 50’), David Luiz (55’), Aimar (67’), Rúben Amorim (73’) e Peiser (80’). Vermelho Addy (50’).


Golos

0-1, por Miguel Fidalgo, aos 26’; 1-1, por Jara, aos 62’; 1-2, por Laionel, aos 90’+3’


POSITIVO e NEGATIVO

+


Fábio Coentrão
Foi o único cheirinho ao campeão da época passada que passou pela Luz.

Laionel
Está aqui por causa do golo. E não é pouco.

-


César Peixoto
Foi tão mau e os assobios foram tantos que Jesus tirou-o ao intervalo.

Sidnei
Não acertou uma. Culpado no golo, nunca fez esquecer Luisão.

Addy
Dois amarelos em dois minutos. Que burrice.

Árbitro
Não hesitou em expulsar Addy (e bem), mas não teve o mesmo critério com uma cotovelada de David Luiz a Sougou. Uns são filhos, outros são enteados.
Notícia actualizada às 23h09
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