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Portugal e Brasil preparam canal de televisão lusófono para lançar dentro de dois anos

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Jorge Lacão assinou o protocolo

RTP e estação pública brasileira EBC assinaram protocolo para partilhar conteúdos e técnicos

Um canal de televisão em língua portuguesa que agregue conteúdos de Portugal, Brasil e dos restantes países da comunidade lusófona poderá estar no ar dentro de dois anos, com difusão internacional. Este é o principal objectivo do acordo de cooperação entre os Governos português e brasileiro assinado ontem em Lisboa.

A ideia foi falada pela primeira vez entre José Sócrates e Lula da Silva quando o primeiro-ministro português visitou o Brasil em Maio, contou o secretário da Comunicação Social brasileiro, Franklin Martins, durante a cerimónia. Agora, no prazo de um mês, os dois Governos vão constituir uma equipa conjunta que estude as possibilidades de criação de um canal dirigido para a "difusão, valorização e afirmação da língua portuguesa no mundo". Afinal, lembrou o ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, "há 250 milhões de pessoas no mundo a falar português". O grupo de trabalho inclui a RTP e a EBC - Empresa Brasil de Comunicação, concessionária brasileira do serviço público de rádio e TV criada há dois anos.

Por enquanto, não há, porém, muito mais do que as declarações de intenções. Questionado sobre um possível prazo de três anos, Guilherme Costa, presidente da RTP, limitou-se a afirmar que tenciona que esteja operacional antes disso. O texto do acordo lembra mesmo que em 2012 se realiza em simultâneo o Ano do Brasil em Portugal e o Ano de Portugal no Brasil, pelo que "importa intensificar a presença mediática recíproca" nos dois países.

Classificando o projecto como "ambicioso", Guilherme Costa adiantou que "estão já a ser estudados modos de distribuição, centros de produção, estruturas de grelhas e conteúdos fundamentais". A intenção é que o canal esteja aberto a todos os países da comunidade de língua portuguesa, mas apenas através das empresas públicas de comunicação social.

Aproveitando o embalo do acordo entre os dois Governos, a RTP e a EBC assinaram também um protocolo que permitirá às duas empresas públicas trocar programas, realizar co-produções para televisão e para cinema, fazer intercâmbio de técnicos e promover formação profissional.

Enquanto os responsáveis brasileiros já estão a piscar o olho a programas da RTP como a séria documental A Guerra ou a de ficção Regresso a Sizalinda, do lado português os directores com a pasta da programação são mais cautelosos e afirmam que por enquanto se estão a estudar portfólios. Documentários e ficção serão as áreas que mais interessam à RTP, reconhece o director de programas, José Fragoso. O canal público já co-produziu, em 2006, a novela Paixões Proibidas com a brasileira Bandeirantes.

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