Pode ir passear ao centro comercial mas o mais certo é acabar por gastar dinheiro

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O Mar Shopping, em Matosinhos, beneficia da proximidade do IKEA paulo pimenta

Estudantes do IPAM analisaram centros comerciais do Grande Porto. Parques de estacionamento gratuitos são factores de satisfação

É possível que já tenha passado pela experiência: sai de casa para ir a um centro comercial, apenas com o intuito de olhar para as montras, e regressa a casa com, pelo menos, um saco de compras nas mãos. Os alunos do 1.º ano dos cursos de Gestão de Marketing e Ciências do Consumo do IPAM fizeram um trabalho interdisciplinar sobre Análise e diagnóstico de mercado dos centros comerciais da região do Porto e as centenas de inquéritos realizados permitiram concluir que "cem por cento" dos frequentadores "habitualmente gasta dinheiro" no shopping.

A pesquisa envolveu 350 alunos, explica Rosa Conde, coordenadora do projecto. Os estudantes foram divididos em grupos de cinco, ficando cada grupo responsável pela análise de um centro comercial, através de inquéritos a frequentadores do espaço. "Cada grupo fez cerca de 150 inquéritos, o que, no conjunto, nos dá um número razoável", diz.

As conclusões permitem aferir que a velha máxima para o sucesso de um negócio -localização, localização, localização - continua a ser válida. A localização e boas acessibilidades foram referidas como pontos fortes nos casos do Norteshopping, MarShopping, Gran Plaza, Via Catarina e o Parque Nascente. Dos vários espaços avaliados, o favorito (e isto já se sabia) é o Norteshopping. E as pessoas parecem gostar do espaço por "ter boas lojas", conforme se lê nas conclusões dos estudantes, mas o factor mais preponderante é mesmo "o estacionamento coberto".

O parque de estacionamento coberto e gratuito parece cativar os visitantes dos espaços comerciais, que também referem esta característica como sendo o "factor mais apreciado" no caso do Arrábida Shopping. E, para que não restem dúvidas, no Via Catarina, que tem estacionamento pago, este é apontado como um dos aspectos que "demonstra uma maior insatisfação" dos clientes.

Mas, como nem só de estacionamento vive um espaço comercial, há outros factores diferenciadores a chamar os moradores do Grande Porto a um centro comercial específico. Quem vai ao Arrábida dificilmente escapa à atracção dos cinemas (62,4 por cento dos inquiridos confirma-o), enquanto uma ida ao Mar Shopping pode não significar exactamente isso. É que o espaço comercial está acoplado à loja Ikea e dos inquiridos, 40 por cento confessa que "só visita o Ikea", quando vai ao complexo.

Os resultados do estudo serão apresentados hoje. Rosa Conde diz que foram convidados os responsáveis de todos os centros comerciais analisados. "É importante haver uma ligação entre o meio académico e o empresarial", frisa a coordenadora.

Os estudantes do IPAM concluíram também que, cada vez mais, os cidadãos do Grande Porto elegem o centro comercial para fazer compras (91 por cento dos inquiridos), mas há outra conclusão que não é de desprezar. Apesar do crescimento recente destas grandes superfícies, "Portugal [ainda] é um país de pequenos comerciantes".

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