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Novo líder da JS elege como prioridades desemprego jovem e adopção por casais gay

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Pedro Alves é candidato único daniel rocha

Pedro Alves, 29 anos, é o único candidato a líder da Juventude Socialista. O novo dirigente espera contar com os diálogos mais à esquerda

Pedro Alves deverá ser hoje eleito o novo líder da Juventude Socialista, e já traçou metas: mais diálogos com a esquerda, apoio claro ao candidato presidencial Manuel Alegre, dar respostas ao desemprego jovem e avançar com as leis de defesa da homoparentalidade e trangéneros. No entanto, rejeita um governo de bloco central e aponta críticas a Cavaco Silva por negar "a mudança" da sociedade.

Tal como o seu antecessor Duarte Cordeiro, o docente da Faculdade de Direito com 29 anos será o único candidato à liderança da JS, no congresso que está a decorrer em Lisboa com cerca de 700 delegados.

Filiou-se na Juventude Socialista aos 16 anos e tornou-se membro da direcção nacional em 2006, Pedro Alves já afirmou que tem "uma visão um pouco mais à esquerda do que a do PS". Mas não quer criar dramatismos.

"A esquerda é um espaço plural onde existem várias visões. A esquerda democrática é a em que me revejo, e que tem demonstrado que é aquela que lidera o espaço político e tem maior capacidade de transformação. Infelizmente, e por falta de disponibilidade dos partidos à nossa esquerda, não tem havido esse diálogo", afirmou Pedro Alves.

Todavia, recusa a ideia de que o PS tenha falta de ideais de esquerda e defende que "os valores da necessidade de existência de serviços públicos e o papel dinamizador do Estado na economia continuam a traduzir a matriz ideológica do partido". E critica a proposta de revisão constitucional do PSD, considerando que "deita fora o legado de construção do Estado social".

"É cada vez mais clara uma diferença ideológica: O PS é fiel ao rumo da esquerda democrática e o PSD está cada vez mais a afirmar-se como um partido neoliberal", sustenta o jovem socialista, rejeitando a ideia de bloco central. Segundo Pedro Alves, a "aliança" entre os dois maiores partidos, a propósito do Programa de Estabilidade e Crescimento, justifica-se somente pela crise internacional.

Quanto a presidenciais, Pedro Alves tem esperança que, pela primeira vez, não haja uma reeleição de um Presidente da República para um segundo mandato. Apoiante de Manuel Alegre, o futuro líder da JS, referiu que o conservadorismo de Cavaco Silva tem falado mais alto. "O Presidente da República vetou uma primeira versão da lei da paridade, promulgou a lei da interrupção voluntária da gravidez mas com reticências, levantou uma série de obstáculos à lei do divórcio e promulgou o casamento entre homossexuais contrariado", acusou.

Agora, a prioridade da JS é olhar para as dificuldades do desemprego jovem, que já ronda os 22 por cento. Os investimentos públicos, os incentivos ao empreendedorismo e mobilização de membros da JS com o poder autárquico para dar resposta às necessidades de emprego locais, são algumas das propostas de combate ao desemprego.

Outra das batalhas da JS será a da adopção de crianças por parte de casais homossexuais, não permitida actualmente. "Vamos fazer um trabalho pedagógico para demonstrar à sociedade que como o casamento não provocou o fim do mundo, também a homoparentalidade não o provocará", revelou Pedro Alves, admitindo que gostaria de ter o contributo do Bloco de Esquerda, do PEV e do PCP nesta matéria, mas que também espera que "o debate se alargue à direita do PS".

Num futuro próximo, Pedro Alves quer que seja discutido o projecto que acelera o processo de reconhecimento legal dos cidadãos trangéneros. "Será o desaparecimento de uma barreira burocrática que não faz sentido. Permitirá quase uma lógica simplex à mudança de sexo", sustentou.

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