Direcção do PSD não apoia Isaltino Morais, apesar de os seus vereadores terem pelouros

Foto
Miguel Relvas diz que distrital de Lisboa não informou a direcção nacional NUNO FERREIRA SANTOS

"O PSD aceitou pelouros? Nem sei", reage Miguel Relvas, acrescentando que não foi informado desse facto pela distrital do seu partido

O secretário-geral do PSD, Miguel Relvas, considera que o seu partido é uma força da oposição em Oeiras, apesar de dois vereadores seus terem aceite pelouros na autarquia governada por Isaltino Morais.

"O PSD aceitou pelouros? Nem sei", diz o dirigente social-democrata. "Isso só responsabiliza directamente os vereadores. O PSD é um partido da oposição em Oeiras", declara, acrescentando não ter sido estabelecido nenhum acordo eleitoral com Isaltino, que se desligou do PSD em 2005 para fundar um movimento independente, com o qual voltou a ganhar a presidência desta autarquia. Para Miguel Relvas, a existirem, os apoios dos autarcas "laranja" à governação de Isaltino são "apenas pontuais e individuais". E remete a questão para a estrutura distrital do partido, que garante não o ter informado da aceitação de pelouros.

Estas declarações surgem depois de o Tribunal da Relação ter reduzido a pena de prisão do autarca de Oeiras de sete para dois anos pelos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais, anulando a perda de mandato e a condenação pelo crime de corrupção passiva. Na sequência desta decisão, o PS de Oeiras desafiou a direcção do PSD a explicar por que razão "partilha o poder político com um autarca condenado em duas instâncias judiciais diferentes por crimes graves". Isaltino Morais entregou o pelouro dos parques infantis, cemitérios e empresas concessionárias de Oeiras ao social-democrata Ricardo Rodrigues. Já o da juventude ficou a cargo do líder da JSD local, Ricardo Pinho. Indignada com esta aceitação de pelouros e com a grande proximidade entre o PSD e o movimento "Isaltino Oeiras Mais à Frente", a cabeça-de-lista a Oeiras deste partido, Isabel Meirelles, afastou-se em Março da câmara, depois de ter sido eleita, suspendendo o mandato de vereadora. Protestando contra aquilo que designou como "promiscuidade" entre sociais-democratas e Isaltino, apelou na altura ao novo líder do partido, Passos Coelho, para acabar com a situação.

Já o líder da distrital social-democrata, Carlos Carreiras, prefere contra-atacar o PS quando se fala da aceitação de pelouros: "O PS local também está dividido sobre esse assunto, embora não tenha aceite. E até às últimas eleições sempre aceitou pelouros." Carreiras nega que o PSD esteja a apoiar Isaltino: "Estamos é a dar condições de governabilidade a Oeiras." Essa é também a tese do líder do PSD de Oeiras, que, aliás, é também adjunto do vice-presidente da câmara: "O PSD foi, é e será a força política que garante a estabilidade no concelho. Oeiras tem recebido os benefícios desta estabilidade", referiu Alexandre Luz, citado pela agência Lusa. A condenação, da qual Isaltino recorreu, "não põe em causa a governabilidade da autarquia".

O PÚBLICO tentou também obter um comentário à situação por parte de outra figura do PSD, Santana Lopes, mas o vereador da Câmara de Lisboa mostrou-se indisponível para prestar declarações sobre o assunto.

Sugerir correcção