Maioria PSD/CDS não quer Rua José Saramago no Porto

De A a Z, e para parafrasear o título de um romance de José Saramago, as ruas do Porto têm quase todos os nomes, de Aarão de Lacerda a Zeca Afonso. Mas, por vontade da maioria (PSD/CDS) que actualmente dirige a câmara municipal, a toponímia portuense ficará privada do nome do único português que conquistou o Prémio Nobel da Literatura, recentemente falecido.

A proposta, apresentada pelo vereador da CDU, Rui Sá, foi ontem rejeitada pelos votos da maioria. O documento previa uma manifestação de pesar pela morte de José Saramago e a atribuição do nome do escritor a uma artéria da cidade. O voto de pesar ainda foi aprovado, com a abstenção de seis eleitos do PSD e do CDS e o voto contra de Sampaio Pimentel (CDS), mas a proposta de dar o nome do escritor a uma rua foi chumbada pela maioria do executivo (com os votos favoráveis de quatro vereadores do PS e de Rui Sá; o socialista Vilhena Pereira absteve-se).

O vereador comunista declarou-se "chocado" e considerou que "à frente da câmara estão os seguidores de Sousa Lara", o ex-secretário de Estado de Cavaco Silva que se celebrizou por ter impedido a candidatura de Saramago a um prémio literário. "Isto demonstra bem o ódio desta maioria pela cultura e por um escritor que, a despeito da opinião pessoal que se possa ter, é uma referência do país e da língua portuguesa", acrescentou Rui Sá.

Na reunião de ontem, o executivo municipal portuense aprovou ainda a extensão da privatização da limpeza urbana na cidade, passando as concessões privadas a abranger 90 por cento do território municipal. A proposta mereceu o voto contra do vereador da CDU e a abstenção dos eleitos do PS. Segundo Correia Fernandes, esta posição tem a ver com o facto de a privatização não estar a corresponder a uma melhoria da limpeza da cidade.

Aprovada foi ainda a operação que, por mais de 5,5 milhões de euros, permitirá fazer desaparecer o défice da empresa municipal Porto Lazer, transferindo-se uma parte do seu património, o Complexo Desportivo do Monte Aventino, para a autarquia. "Pura operação de cosmética", considerou Rui Sá. Os vereadores deram ainda luz verde ao projecto do PS para requalificar o Centro Comercial Stop, melhorando as condições das bandas de música que ali ensaiam.

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