Economia quase estagna no próximo ano

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O BdP divulgou hoje o primeiro Boletim Económico desde que Carlos Costa está á frente da instituição Jorge Miguel Gonçalves/Arquivo

A economia portuguesa, depois de um crescimento mais alto este ano do que o inicialmente previsto, vai registar uma variação do PIB em 2011 de apenas 0,2 por cento, projecta o banco de Portugal.

No boletim económico de Verão hoje publicado, o banco liderado por Carlos Costa aponta para um crescimento económico de 0,9 por cento este ano e de 0,2 por cento no próximo.

Em Março, a mesma entidade previa variações de 0,4 por cento em 2010 e de 0,8 por cento em 2011. Deste modo, é notória a tendência, já verificada nas últimas previsões do Governo, para a antecipação de um cenário económico em que a actividade abranda fortemente no próximo ano.

O Executivo anunciou na semana passada uma previsão de crescimento de 0,7 por cento este ano e de 0,5 por cento no próximo.

A hipótese de Portugal voltar a entrar em recessão não está, aliás, fora de jogo. O Banco de Portugal avisa mesmo que há uma probabilidade superior a 50 por cento de isso acontecer. “Uma variação negativa do PIB em 2010 tem uma probabilidade inferior a 15 por cento, mas sobe para um valor acima de 50 por cento em 2011”, avisa a instituição.

Procura interna vai cair no próximo ano

A pesar sobre as previsões do próximo ano está sobretudo a procura interna. Segundo o banco central, “o dinamismo da procura interna observado na primeira metade de 2010 não se deverá revelar sustentável”. De acordo com a instituição liderada por Carlos Costa, “as actuais projecções têm subjacente uma forte desaceleração da economia portuguesa já a partir do segundo semestre de 2010 e que se acentuará em 2011”.

As previsões do Banco de Portugal apontam assim para que o contributo da procura interna para o crescimento seja quase nulo este ano e negativo (menos 1,2 por cento) no próximo, e não positivo como se previa no Boletim Económico de Primavera. Esta redução prevista para 2011 dá-se sobretudo devido à retracção do consumo privado (menos 0,9 por cento) e a uma descida de 1,4 por cento no consumo público.

Segundo o banco central, esta diminuição da procura interna reflectirá, entre outros factores, "o impacto das medidas de consolidação orçamental, a manutenção de condições adversas no mercado de trabalho, o aumento da incerteza quanto ao rendimento das famílias e as condições mais restritivas de acesso ao crédito".

Do outro lado da balança estará a procura externa líquida, que vai crescer 1,3 por cento em 2011 e 0,9 por cento este ano. As exportações deverão aumentar 5,2 por cento este ano e 3,7 por cento no próximo.

Para os próximos anos, o banco central avisa que a evolução da economia portuguesa “será fortemente determinada pela conjugação dos necessários processos de consolidação orçamental e de desalavancagem do sector privado”.

Notícia actualizada às 13h50
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