Obama e Netanyahu reafirmam fidelidade e silenciam a questão dos colonatos

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Obama recebeu ontem o primeiro-ministro israelita na Sala Oval Kevin Lamarque/Reuters

"Os Estados Unidos nunca pedirão a Israel algo que mine a sua segurança", declarou Obama no fim da reunião. Netanyahu (Bibi) garantiu que deseja passar rapidamente das actuais "negociações indirectas" com os palestinianos, mediadas pelo americano George Mitchell, a "negociações directas" para alcançar a solução "dois Estados". Obama apoiou enfaticamente esta meta.

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"Os Estados Unidos nunca pedirão a Israel algo que mine a sua segurança", declarou Obama no fim da reunião. Netanyahu (Bibi) garantiu que deseja passar rapidamente das actuais "negociações indirectas" com os palestinianos, mediadas pelo americano George Mitchell, a "negociações directas" para alcançar a solução "dois Estados". Obama apoiou enfaticamente esta meta.

Falaram aos jornalistas, sentados num sofá, na Sala Oval. A cerimónia foi cuidadosamente coreografada, naquilo a que analistas americanos chamaram uma "visita make-up" para desfazer a imagem de conflito revelada no anterior encontro de Março, em que Obama deixou Bibi sozinho numa sala da Casa Branca. Era uma retaliação por os israelitas terem anunciado a construção de 1600 fogos para colonos em Jerusalém Oriental durante a visita do vice-presidente Joe Biden. As relações bilaterais tornaram-se geladas.

Moratória esquecida

Em pré-campanha para as eleições do Congresso, Obama está sob elevada pressão dos democratas para desfazer a imagem de afastamento em relação a Israel. E Bibi, a liderar uma instável coligação, precisa de mostrar aos israelitas que tem as melhores relações com o Presidente americano, necessidade tanto maior quanto Israel está perigosamente isolado.

Analistas e diplomatas previam que o encontro seria dominado pela moratória à expansão dos colonatos, decretada em Novembro e que expira a 26 de Setembro. Os EUA querem a sua prorrogação. Metade do Governo israelita opõe-se. A divergência terá sido insanável.

O compromisso de escape terá sido o apelo às "negociações directas" com a Autoridade Palestiniana (AP) antes que a moratória expire. O problema é que tanto o líder palestiniano, Mahmoud Abbas, como os Estados árabes põem como condição prévia o congelamento dos colonatos.

Os dois líderes abordaram muitos outros pontos, como as sanções ao Irão ou o "alívio" do bloqueio à Faixa de Gaza. Falaram seguramente da crise com a Turquia. Mas, sobretudo, desmentiram qualquer crise nas relações bilaterais. "Ambos, pelas suas próprias razões, querem pôr termo à sua recente frieza", resumiu o analista Bruce Riedel, da Brookings Institution. Este foi o ponto fulcral. Michael Oren, embaixador israelita nos EUA, tem falado na "fractura tectónica" que se está a abrir entre os dois países.

Setembro, assinala outro analista, Dan Senor, será o mês de todos os testes, do Irão aos colonatos, da estabilidade do governo israelita à radicalização da campanha eleitoral americana. Até lá, as negociações serão silenciosas.