Cleópatra não foi mordida pela cobra, usou veneno

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Cleopatra"s Last Moments

Esqueçam o que viram representado na pintura ao longo dos séculos e a história que ouviram contada na peça de Shakespeare. Afinal, Cleópatra, a famosa rainha do Egipto, não morreu por causa da mordedura de uma cobra. A causa da sua morte, um suicídio, terá sido a ingestão de uma mistura de venenos. Cicuta, mata-cão e ópio permitiram à rainha ter uma morte tranquila, como ela desejaria. É esta teoria que defende o historiador alemão Christoph Schaefer, autor do livro Cleópatra, um best-seller na Alemanha, que chegou a esta conclusão por causa das investigações que fez em documentos antigos consultados em Alexandria. Esta descoberta, que deita por terra um mito com mais de dois mil anos, foi divulgada num programa sobre a rainha que passou há dias no canal alemão ZDF.

"É certo que não havia nenhuma cobra envolvida na morte da Cleópatra", explicou à CNN e à Discovery News este professor de História da Universidade de Trier. Quando alguém morre por causa da mordedura de uma cobra tem uma morte horrível. As vítimas podem demorar entre 45 minutos e horas a morrer e sofrem com vómitos, diarreia, falta de ar. Ficam com várias partes do corpo paralisadas e morrem desfiguradas.

Segundo os relatos do historiador romano Cassius Dio, escritos 200 anos depois da morte de Cleópatra, a rainha teve "uma morte calma e sem dor". Os antigos papiros mostram que a rainha conhecia venenos e um dos documentos consultados por Schaefer refere mesmo que ela os testou. Os textos antigos dizem também que os dois assistentes de Cleópatra morreram ao mesmo tempo que ela e ao historiador alemão parece improvável que isso acontecesse, se ela tivesse cometido suicídio com a ajuda da serpente egípcia. O historiador lembra ainda que uma mordedura de cobra nem sempre é fatal e que as temperaturas em Agosto, quando Cleópatra se suicidou nos anos 30 a.C., eram tão altas que a serpente provavelmente não se aguentaria quieta o tempo suficiente para morder.

Foi com a ajuda do toxicólogo alemão Dietrich Mebs que o historiador Christoph Schaefer determinou que venenos teriam sido utilizados na poção mortal. Chegaram à conclusão de que teria sido uma mistura de cicuta, acônito, ou mata-cão, e ópio.

As pinturas em que Cleópatra aparece representada com a serpente egípcia no braço só começaram a aparecer no século XV e muito mais tarde é que os pintores a começaram a pintar com a cobra no peito. Afinal, a história poderá ter acontecido de maneira diferente.

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