Aumento dos salários na China beneficia Portugal

O presidente da Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal (ATP) defendeu ontem que o movimento grevista que está a ganhar expressão na China fará aumentar os custos de produção, aliviando a pressão sobre o preço das exportações portuguesas. "Mais do que o aumento dos custos de produção, importa o aumento do consumo, o que faz com que a China passe a exportar muito menos e a um preço superior", afirmou João Costa.

O representante dos industriais do têxtil e do vestuário considerou que, "se os trabalhadores chineses começarem a ter níveis salariais superiores, vai haver um aumento da capacidade de consumo, o que é uma notícia extraordinariamente positiva". "A partir daí, muita produção que é colocada no mercado internacional e que pressiona fortemente o preço das nossas exportações acabará por ser fortemente aliviada", acrescentou.

De acordo com João Costa, "o movimento grevista levou a aumentos salariais na ordem dos 20 e 30 por cento, e, no Sul da China, o salário mínimo nacional foi elevado em 16 por cento".

Por isso, acrescentou, "importa que as greves continuem e que os trabalhadores chineses passem a ter alguns direitos em termos salariais, de horários de trabalho e dias de descanso". Um trabalhador do sector têxtil no interior da China tem uma remuneração mensal na ordem dos 30 euros.

A indústria têxtil e do vestuário é um dos sectores da economia portuguesa que mais se ressentiram com a concorrência do país asiático, sobretudo após a liberalização do comércio há cinco anos, que, segundo a associação, "escancarou as portas aos produtos chineses".

A China tem vindo a ser abalada por uma sucessão de greves, sobretudo no sector automóvel, com os trabalhadores a reclamarem aumentos salariais e melhores condições laborais, o que terá repercussões nos custos de produção das empresas e, logo, na competitividade do país. Lusa

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