Cinzas de José Saramago vão ficar junto a oliveira frente à Casa dos Bicos

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Pedro Cunha

As cinzas de José Saramago, que morreu há uma semana aos 87 anos, vão ficar em frente à Casa dos Bicos, em Lisboa, anunciou hoje o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, na Casa Fernando Pessoa.

O desejo de José Saramago era que os seus restos mortais ficassem num jardim lisboeta e ao pé das cinzas ficará agora um banco de jardim onde as pessoas poderão sentar-se a ler as suas obras. De acordo com a informação avançada pela Câmara de Lisboa numa intervenção à margem da leitura de "O Ano da Morte de Ricardo Reis" na Casa Fernando Pessoa em homenagem a Saramago, as cinzas do escritor e Prémio Nobel da Literatura vão repousar junto a uma oliveira centenária e a uma pedra em que estará gravada uma frase de "Memorial do Convento".

António Costa intercalou entre a leitura que decorre na Casa Fernando Pessoa as últimas duas linhas de “Memorial de Convento” : “Desprendeu-se a vontade de Baltasar Sete-Sóis, mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia”. E disse perante Pilar del Río e a família e amigos do escritor que também ali estavam: “Por José Saramago pertencer também à terra, queria aqui dizer que, como foi acordado pela família, as suas cinzas repousarão junto à Fundação José Saramago, na Casa dos Bicos, no quadro do arranjo do espaço exterior do Campo das Cebolas, em Lisboa, e será acompanhado por uma oliveira centenária da terra onde o Prémio Nobel nasceu, a Azinhaga, e com uma pedra de Pêro Pinheiro, tão utilizada na construção de ‘Memorial de Convento’ e onde ficará registada precisamente esta citação: “Mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia”.

Em termos legais, esta solução é possível desde que esteja salvaguardada a inviolabilidade do local. No Decreto-Lei n.º 411, de 1998, lê-se que "as cinzas resultantes da cremação podem (...) ser entregues dentro de recipiente apropriado a quem tiver requerido a cremação, sendo livre o seu destino final". Ângelo Mesquita, director municipal do Ambiente Urbano, disse ao PÚBLICO no início desta semana que, "se as cinzas forem depositadas no espaço público, a Câmara Municipal de Lisboa tem de aprovar esse acto". Esse passo já foi dado e não é conhecida ainda a data para a concretização da passagem dos restos mortais do autor de "Caim" para o espaço fronteiro à Casa dos Bicos.

Notícia corrigida às 18h59
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