Sexo e a Cidade 2

Qualquer semelhança destas intermináveis duas horas e meia com cinema (ou sequer com a comédia clássica que invoca, qual sacrilégio, em excertos de "Uma Noite Aconteceu", 1934, Frank Capra, e "O Assunto do Dia", 1942, George Stevens) é puro acaso.


Chamar "filme" a "Sexo e a Cidade 2" é uma conveniência de formulação, porque o que aqui se vê não passa de um episódio da série (e um episódio desinspirado) esticado para lá do ponto de saturação. Não é, atenção, que não haja o gague pontual com piada (quase sempre devido à ninfomaníaca Samantha de Kim Cattrall), nem que haja alguma coisa de mal em querer fornecer uma noite de entretenimento descomprometido.

O problema é que "Sexo e a Cidade 2" acha preguiçosamente que basta fazer mais do mesmo em maior para se ter um filme (havia uma razão pela qual a série se limitava a meia-hora semanal). Não há aqui uma única ideia de cinema: tudo é televisão no grande écrã, e televisão mal feita, onde até a viagem ao Abu Dhabi que serve de pano de fundo à história é filmada como um qualquer exterior de fancaria. A única justificação para a existência deste objecto é a batelada de dinheiro que o primeiro filme rendeu e a batelada que este também vai render - e isso chateava menos se houvesse aqui nem que fosse um grama de cinema. Pior filme do ano, até agora.

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