Carlos Cruz clama inocência a um mês da sentença

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“Sinto-me assassinado civicamente por um processo mentiroso”, disse o ex-apresentador de televisão Rui Gaudêncio

“Sinto-me assassinado civicamente por um processo mentiroso”, disse o ex-apresentador de televisão, assegurando que nunca “abusou de ninguém nem sexualmente nem de outra forma” e que “nunca teve relações homossexuais, nem apetite, muito menos com jovens ou crianças”.

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“Sinto-me assassinado civicamente por um processo mentiroso”, disse o ex-apresentador de televisão, assegurando que nunca “abusou de ninguém nem sexualmente nem de outra forma” e que “nunca teve relações homossexuais, nem apetite, muito menos com jovens ou crianças”.

Mas face à proximidade da decisão do tribunal, disse sentir-se “inquieto”, notando que, se for condenado, estar-se-á perante um “erro judiciário”. Sem querer acreditar na condenação, Carlos Cruz considera, contudo, que as alterações aos factos pedidas pelo Ministério Público e aceites pelo tribunal que o julga há cinco anos podem ser um “indício de condenação”.

Carlos Cruz disse estar “disposto a ir até ao fim do mundo” para demonstrar a sua inocência e anunciou que vai abrir um site na Internet onde colocará todo o processo. Entrevistado por Henrique Garcia, deu a sua opinião sobre os motivos que levaram à sua prisão.

“Prender o Carlos Cruz era dar credibilidade ao processo”, disse, notando que “em todos os processos mediáticos de abusos sexuais, no mundo, há sempre uma pessoa mediática”.

O antigo apresentador repetiu o que tem dito ao longo do tempo relativamente aos co-arguidos: que não conhecia nenhum deles quando foi implicado no processo. Quanto a Paulo Pedroso — que chegou a estar preso preventivamente mas não foi pronunciado por qualquer crime —, apesar de se mostrar convicto da sua inocência, nota “um dado objectivo”: “Os rapazes que acusam Paulo Pedroso são os mesmos que me acusam a mim. Ele é acusado de mais crimes do que eu [...]. Ele não é pronunciado e eu sou. Custa muito a entender”, disse, frisando que “a política é uma porca”.

Cruz confirmou que procurou o ex-Presidente da República, Ramalho Eanes, quando se viu cercado por uma “bateria de boatos”, porque precisou de alguém que o ajudasse a pensar e porque Eanes lhe tinha telefonado manifestando a sua solidariedade e era, para ele, uma “referência” como “um homem de valores”.

Admitiu ainda que quis procurar o ex-procurador-geral da República, Souto Moura, para lhe pedir “uma investigação séria e rigorosa”, já que considera existir “muita incompetência no campo da investigação” criminal. “Se lermos o processo, e o povo vai lê-lo porque vou colocá-lo no meu site, vão ver os erros, as mentiras”, disse, notando que “havia vontade” de o manter preso.

E terminou dando a sua opinião sobre várias pessoas que estiveram ligadas ao processo em diferentes qualidades: o procurador João Guerra, responsável pela acusação (“ficou obcecado com a minha pessoa); o psiquiatra Daniel Sampaio (“uma desilusão”); a ex-mulher, Marluce, “uma força em minha defesa”; Carlos Silvino (Bibi), “um homem de quem tenho alguma pena”; o amigo Fialho Gouveia, “uma referência na minha vida”; o procurador no julgamento, João Aibéo, “muito inteligente e muito hábil”; a juíza presidente, Ana Peres (“deu toda a maleabilidade para as pessoas fazerem as suas defesas e acusações); o juiz de instrução criminal, Rui Teixeira, “um juiz que me impressionou”; e a ex-secretária de Estado, Teresa Costa Macedo (“uma mulher perigosa”). A sentença está marcada para dia 9 de Julho.