Prazer, dor, rock'n'roll

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Os Health ardem mas curam Renata Pakshan

Um ovni noise faz a sua aterragem na pop e vamos poder assistir, 3ª em Lisboa e 4ª no Porto

"Get Color", o segundo disco dos Health, aterrou em 2009 como um OVNI. E assim permanece: ainda estamos a absorver a forma como a pandilha de Los Angeles pôs o noise ao serviço de canções vagamente pop.

Não são os primeiros a fazê-lo (os My Bloody Valentine faziam-no, melodias pueris engolidas pelo barulho, os Liars dos últimos discos não têm feito outra coisa), mas tudo nos Health é mais sensorial, directo (só uma canção ultrapassa os cinco minutos) e brilhantemente matemático.

Bateria marcial-maquinal, uma guitarra saturadíssima, acumulação de energia a rebentar em gritos de distorção, sintetizadores, e uma voz estupidamente doce, qual Kevin Shields da geração pós-Wolf Eyes e pós-Lightning Bolt: eis os novos Health, mais pensados (até ao ínfimo detalhe) e mais interessados em fazer canções do que em 2007, ano do primeiro disco.

"Temos uma tensão entre querer fazer a nossa música acessível e querer torná-la o mais fodida possível", explicou ao Ípsilon, no ano passado, o baixista John Famiglietti. Ou, como refere o Allmusic, este é um disco "que caminha na linha fina entre o prazer e a dor".

Quando vieram a Portugal, há dois anos, tocaram no Museu de Olaria de Barcelos e houve quem temesse que algumas peças se partissem devido à chinfrineira. Desta vez (terça, no Santiago Alquimista, em Lisboa, e quarta, na Casa da Música, no Porto, com o rock entusiasmante dos portugueses Paus nas primeiras partes), a julgar por "Get Color", a feiura, a bruteza e o perigo (a santíssima trindade do rock) mostrar-se-ão em vestes de veludo.

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