Está a nascer mais uma igreja polémica de Troufa Real, desta vez em Miraflores

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"Esta é uma obra séria", diz responsável do patriarcado Nuno Oliveira

A uns lembra um foguetão. Outros, mais prosaicos, apelidam-na de supositório. À medida que vai crescendo, a nova igreja de Miraflores, em Algés, divide opiniões, numa polémica que parece querer repetir aquela que tem rodeado a construção do templo-caravela do Alto do Restelo, em Lisboa.

Ambos os projectos são do arquitecto Troufa Real, e os próprio processos que conduziram à obra assemelham-se um ao outro. Quem o diz é o arquitecto que dirige o departamento do patriarcado responsável pela construção das novas igrejas, Diogo Lino Pimentel: "Tal como aconteceu em Lisboa, o terreno foi oferecido pela Câmara de Oeiras, que também escolheu o arquitecto. E quando se aceita uma oferta perde-se um pouco a liberdade de controlar as coisas". Seja como for, o departamento das novas igrejas não colocou objecções ao templo, que custará 3,1 milhões de euros e será financiado pela autarquia e pela paróquia. Além disso, a câmara disponibilizou 2600 metros quadrados de terreno para a construção da Igreja da Santíssima Trindade. O presidente do município, Isaltino Morais, dá uma versão diferente da de Diogo Pimentel, ao assegurar que a escolha de Troufa Real foi "conjunta", da paróquia e da autarquia. Não adiantou, porém, nenhuma razão para a escolha do arquitecto, nem quis comentar a polémica que o edifício está a suscitar, alegando que até agora só tem recebido comentários positivos.

Evocar as novas referências cósmicas e o infinito como horizonte do Homem é o objectivo deste enorme cilindro de Troufa Real, cuja parte mais alta deverá medir cerca de 30 metros. Segundo o padre responsável pela obra, Daniel Henriques, falta ainda ano e meio para o fim da empreitada. Em 2001, a Câmara de Oeiras tinha exigido a construção de um parque de estacionamento de 60 lugares debaixo da igreja. Três anos depois abdicou dessa condição por causa da proximidade do parqueamento gratuito do centro comercial, ali ao lado. Além da igreja, está a ser construído um miniauditório, estando já pronto o centro paroquial e de actividades de tempos livres.

Sem Disneylândia

"O problema é o tamanho. Podiam ter feito uma coisa mais simples, por metade do dinheiro. Mas vamos ver como é que fica", diz um morador de Miraflores, Fernando Cruz, de 70 anos. "Não sei se parece um foguetão ou uma torre de controlo." Outro habitante, Gonçalo Ferreira, com 42 anos, vai mais longe: "Acho horrível. Mais parece um supositório". Há também quem espere para ver o resultado final da obra: "É dos nossos hábitos criticarmos aquilo que sai do normal, que é inovador. Ainda não vi a obra acabada, pode ser que fique bonita".

"A opinião da população devia ter sido levada em conta", opina o vereador do PCP de Oeiras Amílcar Campos. Já Diogo Lino Pimentel pensa que há uma diferença em relação à igreja-caravela do Restelo: "Esta é uma obra séria. Não tem características de Disneylândia".

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