SOS Rio Paiva é contra pontes e passadiços nas margens

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A zona a intervencionar tem grande valor ecológico MANUEL ROBERTO

O Movimento SOS Rio Paiva está apreensivo com a construção de quatro pontes pedonais suspensas e nove passadiços de madeira e ferro, numa extensão de sete quilómetros, prevista para as margens do rio Paiva, em Arouca.

"Este plano vai alargar muito o espaço de lazer ao longo do rio, uma área selvagem que devia ser preservada", afirma Sérgio Caetano, do SOS Rio Paiva. "Há um rio que já está ameaçado, a sua despoluição deveria ser a prioridade, e este projecto é mais um passo para a sua destruição", argumenta o dirigente.

O movimento ambientalista já pediu esclarecimentos ao Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade que, segundo a Câmara de Arouca, irá acompanhar a empreitada que inclui ainda um espaço para um bar.

O Movimento SOS Rio Paiva esteve presente numa reunião do executivo municipal, em que entregou um documento aos vereadores no qual alertava para os vários riscos ambientais que identificou e pedia que prevalecesse o bom senso, no sentido de impedir que o projecto avançasse.

O movimento sublinha, a propósito, que a zona de intervenção, entre a ponte de Alvarenga e a praia de Espiunca, se mantém em "estado selvagem" há "milhares de anos" e tem várias espécies de fauna e flora "de grande valor ecológico" - como a lontra, a toupeira-de-água, o lagarto-de-água e o guarda-rios. "É fundamental que no rio Paiva existam espaços "selvagens" que sirvam de habitat para estas espécies e sua reprodução", defende. A construção de caminhos onde nunca existiram passagens, bem como o impacto que essas estruturas, e sua utilização, terão na biodiversidade estão igualmente na lista de preocupações.

O presidente da Câmara de Arouca, Artur Neves, considera legítimas as preocupações do SOS Rio Paiva, mas garante que não há motivos para alarme. Antes de mais, recorda que a execução do projecto para as margens do curso de água se baseia-se num plano de acção delineado pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade. Por outro lado, o autarca assegura que os equipamentos a construir não ferirão a paisagem natural. "As estruturas serão leves, em madeira tratada, e ajustadas à tipologia do terreno. Nenhum manto vegetal, nenhuma fauna e flora serão destruídos", promete.

Obra de 2,4 milhões

Artur Neves já convidou o movimento ambientalista SOS Rio Paiva a acompanhar o projecto que representa um investimento de 2,4 milhões de euros, e que será sujeito a uma candidatura a verbas do Quadro de Referência Estratégico Nacional. A intervenção deverá arrancar no próximo ano, para ficar concluída em 2012.

"A Câmara de Arouca é a entidade que mais quer preservar o rio. E a melhor forma de o fazer é dá-lo a conhecer às pessoas que gostam de turismo de aventura e de natureza. Queremos dar a conhecer a garganta do Paiva, aquela realidade natural que lá existe", comenta o presidente da câmara.

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