Torne-se perito

José Sócrates nega "complexos de inferioridade perante os alemães"

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José Sócrates Alberto Martin/REUTERS

Em Madrid, o primeiro-ministro admitiu ter falado com Merkel ao telefone, mas recusa ter cedido a pressões

O primeiro-ministro, José Sócrates, recusou ontem, em Madrid, a existência de pressões de alguns governos da União Europeia (UE) para que Portugal e Espanha adoptassem planos de austeridade. Sócrates falava na capital espanhola num almoço do foro do jornal ABC e apoiou o espírito reformista de Durão Barroso.

"Todos nos influenciamos e não tenho nenhum complexo de inferioridade perante os alemães. Discutimos e tomámos uma decisão em conjunto", disse Sócrates. Para ilustrar este facto, apontou que a chanceler alemã Angela Merkel fez marcha atrás na sua decisão de baixar os impostos e não é por isso que se pode afirmar que tenha pressionado a dirigente alemã. José Sócrates confirmou que manteve uma conversa telefónica com Merkel, mas que tal não significa que tenha havido pressões de Berlim. O mesmo se passou, adiantou, com a chamada telefónica do Presidente Obama ao presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, horas antes de o dirigente espanhol apresentar no Parlamento o seu plano de austeridade.

Perante uma plateia de representantes da banca e de empresários, com a assistência da ministra da Ciência e Inovação de Espanha, Cristina Garmendia, e do senador do Partido Popular, Manuel Fraga Iribarne, Sócrates manifestou apoio ao espírito reformista de Durão Barroso. Nesse sentido, considerou que a UE não pode ficar como está, defendendo a necessidade de reformas e ferramentas para evitar que uma futura crise prejudique as economias dos países-membros e a moeda única. Questionado sobre o seu apoio a um novo imposto bancário, o primeiro-ministro afirmou "não recusar debates", mas defendeu que as reformas têm de ser discutidas em conjunto.

Por fim, José Sócrates não esclareceu se as medidas de austeridade apresentadas na passada semana serão suficientes para combater o défice, embora confie em reduzir o défice em mais de um por cento. A este propósito, acentuou que "no último mês a Europa mudou e mudou todo o ambiente". Destacando que "não seria bom para Portugal que ficasse sem fazer nada", o primeiro-ministro revelou que o plano de austeridade, que classificou como "esforço adicional, nacional, colectivo e justamente distribuído por todos os portugueses", não conta com as consequências do crescimento económico verificado no primeiro trimestre deste ano.

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