Realismo de Montañes supera inconformismo de Gil

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Gil esteve perto da vitória, mas não resistiu à maior experiência do espanhol Rafael Marchante/Reuters

O sonho de um português ganhar o Estoril Open esteve muito perto de concretizar-se. O mérito foi todo de Frederico Gil, que acreditou e fez acreditar os milhares de adeptos que seguiram a final do mais prestigiado torneio de ténis que se realiza em Portugal. Mas a vontade do tenista luso, que não se conformou quando enfrentou dois match-points no segundo set, esbarrou na solidez e maior experiência de Albert Montañes, que se tornou apenas no segundo jogador a revalidar o título no Jamor. O catalão saiu vencedor, por 6-2, 6-7 (3/7) e 7-5, mas Gil saiu do Jamor como um campeão.

Depois de fazer o break para 5-5 no segundo set, Gil ganhou o ascendente sobre o adversário, concretizado no tie-break e na vantagem de 3-0 na partida decisiva, assinalada por uma ovação de pé dos 6.000 espectadores que encheram o court central. Mas ao não conseguir confirmar a vantagem de dois breaks com o seu serviço, Gil abriu a porta para a recuperação de Montañes, confirmada numa sucessão de oito pontos em que passou de 3-4 para 5-4. Gil ainda reagiu para 5-5, mas acabou por ceder dois jogos depois, ao fim de duas horas e meia.

“Sabia que ia ser difícil por causa dele e do público. Tinha o encontro controlado e foi pena não ter terminado. Com dois breaks de desvantagem, limitei-me a lutar e tive a sorte de dar a volta a um encontro que estava complicado”, admitiu Montañes (34.º ATP). Este foi o quarto título do catalão de 29 anos, todos na terra batida, em oito finais no ATP World Tour. Ao revalidar o título, Montañes sucedeu a Thomas Muster, bicampeão em 1995 e 1996. “A verdade é que este título é especial e suceder ao Muster é incrível”, disse o vencedor, premiado com um cheque de 72.150 euros. Gil contentou-se com 37.900 euros.

Gil sai mais forte

Muito emocionado no fim do encontro, pela estreia em finais do ATP World Tour, Gil entrou na conferência de imprensa com a taça de finalista, e mostrou-se orgulhoso pelo percurso no torneio. “Chegar à final foi um sonho, daí ter a taça aqui. Representa muito a excelente semana que fiz. No início entrei nervoso, ansioso, foi difícil gerir todas as emoções. O ambiente foi fantástico, só tenho de agradecer. Poderia ter feito mais na parte final do encontro, mas o Montañes fez um jogo sólido do princípio ao fim, tem mais experiência e isso notou-se nessa fase”, explicou o tenista luso, que deverá pular do 133.º para 103.º lugar do ranking.

No início de Abril, Gil voltou a ter a sua base de treino em Portugal e regressou ao treinador João Cunha e Silva, com quem tinha interrompido a colaboração em Setembro passado. Na semana anterior ao Estoril Open, obteve o seu melhor resultado do ano, ao atingir as meias-finais do challenger de Tunis e, no Jamor, registou o ponto alto da carreira. “Passei por uma experiência pessoal, estou mais maduro, mais completo. É com o João e com esta equipa técnica que quero trabalhar, acho que são espectaculares. Precisava desta estabilidade que o João me dá”, reconheceu Gil, sem querer prometer resultados idênticos. “Vamos com calma. O importante é manter o nível e esta postura.” O próximo torneio de Gil será o qualifying de Roland Garros, a partir de 18 de Maio.

João Lagos sofreu muito durante esta “final inédita, saborosa e inesperada” e justificou o facto de não ter batido o recorde de afluência (51.904 espectadores ao longo desta semana) com a crise económica. O director do Estoril Open teve pena de não poder ampliar a capacidade do court central em mais dois mil lugares por causa de uma árvore, o que lhe permitia encaixar mais “meio milhão de euros” de receita, e voltou a frisar a urgência de um court definitivo com grande capacidade.

“Não é possível continuarmos nestas condições por muito mais tempo, é um desperdício de recursos que não é desejável repetir por muitos mais anos”, afirmou Lagos, disponível para encontrar outros mercados para organizar eventos. “Angola tem grande potencial e se as coisas estão difíceis por cá, tento arranjar soluções”, justificou.

Notícia actualizada às 19h14
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