POSITIVO
Guarín Está em estado de graça. Desta vez não marcou, mas esteve perto de o fazer por duas vezes, rematando à trave numa delas. Foi importante a coarctar a acção de Javier Garcia e a primeira fase de construção de jogo do Benfica.

Beto Foi feliz no remate de Di María à trave, logo no dealbar do jogo, mas depois teve um conjunto de boas intervenções, duas delas de grande classe. Pode ter ganho o bilhete para a África do Sul.

Fábio Coentrão Foi o melhor benfiquista. Sempre agressivo, ganhou a maioria dos lances defensivos, alguns com grande mestria, e ajudou no ataque. Está um lateral de se lhe tirar o chapéu e será uma injustiça se não for ao Mundial.

NEGATIVO
Benfica Falhou colectivamente, nunca conseguindo tirar partido da vantagem numérica. Vários jogadores estiveram em sub-rendimento (Saviola, Javier Garcia, Cardozo), mas o problema principal foi o descontrolo emocional de quem tem a meta à vista e não consegue lá chegar.

Olegário Benquerença Começou o jogo a distribuir amarelos, com medo de perder o controlo dos acontecimentos, mas depois caiu na armadilha que ele próprio tinha criado. Perdoou o segundo amarelo a Fucile e depois expulsou-o quando nada o justificava. E não teve o mesmo critério em lances protagonizados por Di María e Luisão.

Velho campeão fez-se respeitar e adiou passagem de testemunho

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Bruno Alves festeja o primeiro golo da noite Reuters

O FC Porto não cedeu o seu estádio para a festa do Benfica, batido sem remissão no Dragão por 3-1, após um duelo intenso e emotivo, mas vulgar.

O triunfo portista, que adia a passagem de testemunho do título para derradeira jornada do campeonato, teve tanto de justo como de surpreendente. Porque foi durante uma segunda parte em que jogou quase sempre em inferioridade numérica (expulsão de Fucile) e sem treinador no “banco” (Jesualdo Ferreira também recebeu ordem de expulsão, a segunda consecutiva num jogo que pode ter sido o seu último perante aquele público) que o FC Porto marcou os dois golos finais que garantiram os três pontos e, principalmente, a honra.

O problema do Benfica não foi apenas o valor do adversário nem a capacidade de o FC Porto reagir à adversidade, antes ele próprio, perdendo em comparação com o que já foi capaz de fazer em boa parte da restante época. De facto, o que fez verdadeiramente a diferença foi o maior controlo emocional do FC Porto, que se empolgou quando foi preciso e depois soube aguentar a tentativa de reacção do adversário e dar uma lição de estabilidade defensiva. O Benfica pagou ainda o apagamento das suas figuras que normalmente fazem a diferença, principalmente o regressado Saviola, que não pôde repetir a habitual sociedade com Aimar porque Jorge Jesus preferiu começar o jogo com Carlos Martins na posição dez. Agora, o Benfica vai ter se haver com o Rio Ave sem contar com Coentrão, Javier García e Di María, que vão cumprir castigo.

A semana tinha sido incendiada por um catálogo de sinais perigosos (o último dos quais à chegada do autocarro do Benfica ao estádio) e a poeira demorou também a assentar no Dragão. Os primeiros 20 minutos resultaram num catálogo de passes errados, faltas consecutivas e três cartões amarelos mostrados por um Olegário Benquerença disciplinador como nunca se lhe vira (o pior viria depois). Mas, nos breves trechos desse período em que se jogou à bola, percebeu-se a melhor qualidade de jogo do Benfica, a maior facilidade com que chegava à baliza adversária, como no lance, logo aos 3’, em que Di María rematou à trave. Ao FC Porto faltava mobilidade na frente, porque Farías é uma réplica baça de Falcao.

O primeiro sinal de perigo portista surgiu apenas aos 26’, quando Hulk deixou Luisão sentado no relvado, acabando o remate de Guarín por sair alto. O FC Porto começava a estabilizar o jogo e a equilibrar as contas no miolo, muito à custa da pressão que Guarín exercia nos terrenos de Javier García. Mas o saldo continuava medíocre de parte a parte e ninguém justificava verdadeiramente a vantagem quando, aos 42’, Bruno Alves aproveitou um canto de Belluschi e a apatia de Javier Garcia para bater Quim de cabeça.

Estavam decorridos poucos minutos do segundo tempo quando o árbitro mostrou o segundo amarelo a Fucile, uma decisão disparatada porque o portista não forçou a queda na área do Benfica. Antes que Jesualdo tivesse tempo de trocar Raul Meireles por Miguel Lopes, Beto aguentou as pontas, defendendo um remate de Maxi. Logo a seguir, o Benfica empatou, num lance confuso e em que Luisão batalhou até empurrar a bola para a baliza. Tudo parecia jogar a favor do Benfica. Mas o futebol tem uma lógica muito própria e, três minutos depois, foi a vez de o até aí inexistente Farías aproveitar uma confusão na área para fazer a bola passar por cima de Quim.

O argentino já tinha ganho a noite e foi substituído por Rodríguez, uma troca inteligente, porque o sul-americano permitia continuar a batalha no meio campo com quatro homens e, de vez em quando, atacar com dois. Jesus respondeu com a troca de Javier Garcia por Aimar, passando Ramires para a posição seis e Carlos Martins para a direita. Aimar ainda obrigou Beto a nova grande defesa, mas antes e depois quem esteve mais perto de marcar foi Guarín, que aos 73’ cavalgou metros e mais metros, para terminar com um remate à trave. O FC Porto jogava melhor com dez do que completo e o Benfica, cada vez mais nervoso e desinspirado, esbarrava no muro portista.

O melhor ficou guardado para o fim. Belluschi deu e recebeu de Hulk, passou a bola pelo meio das pernas de um adversário, fez o mesmo ao segundo que lhe apareceu pela frente e terminou o quadro com um daqueles remates que contrariam a lei da física. Um golo de bandeira, um golo de autor. Demasiado bom para um jogo tão pobre.

Ficha de jogo

FC Porto 3



Benfica 1


Jogo no Estádio do Dragão, no Porto. Assistência 44.902 espectadores.

FC Porto

Beto 7, Fucile 5, Bruno Alves 7, Rolando 6, Álvaro Pereira 7, Fernando 7, Raul Meireles 5 (Miguel Lopes 6, 53’), Guarin 8, Bellushi 8 (Tómas Costa -, 90’), Hulk 6 e Farias 6 (Cristian Rodriguez 6 (61’). Treinador Jesualdo Ferreira

Benfica

Quim 6, Maxi Pereira 6, Luisão 6, David Luiz 6, Fábio Coentrão 7, Javi Garcia 4 (Pablo Aimar 5, 63’), Carlos Martins 5 (Kardec -, 82’), Ramires 6, Di Maria 6, Saviola 4 (Weldon 4, 66’) e Cardozo 4. Treinador Jorge JesusÁrbitro Olegário Benquerença 4, de Leiria. Amarelos Fucile (5’ e 52’), Di Maria (5’), Fábio Coentrão (13’), David Luiz (15’), Javi Garcia (41’), Raul Meireles (45’), Luisão (57’), Fernando (64’), Ramires (78’) e Maxi Pereira (90+1’). Vermelho por acumulação Fucile (52’). Vermelho Jesualdo Ferreira, foi expulso do banco (60’).


Golos

1-0, por Bruno Alves, aos 42’; 1-1, por Luisão, aos 57’; 2-1, por Farias, aos 59’ e 3-1, por Bellushi, aos 82’.

Notícia actualizada às 23h45
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