Ministério da Cultura desmente risco de ruína parcial ou total na torre de menagem do Castelo de Beja

Direcção Regional de Cultura do Alentejo diz que não identificou situações de "perigo imediato ou de ruína eminente"

Muitos habitantes de Beja começaram o dia 8 deste mês em sobressalto, com uma informação preocupante: uma rádio local noticiava que a torre do castelo de Beja estava "em risco de ruir". Os receios de uma derrocada iminente do mais emblemático monumento da cidade levou os mais curiosos até junto da fortaleza medieval, surpreendidos com a informação. De nariz no ar as pessoas procuravam descortinar ao longo dos 43 metros da mais alta torre de menagem da Península Ibérica, uma fenda, um buraco ou uma pedra solta que confirmasse o teor da notícia.

Nas declarações que prestou a vários órgãos da comunicação social, o presidente da câmara, Jorge Pulido Valente, relativizou o risco, afirmando que não era a torre de menagem que corria perigo, mas apenas "algumas zonas". O autarca referiu concretamente os varandins e as coberturas de algumas das salas da torre de menagem. E apoiando-se no que disse serem dados do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) sublinhou estar-se perante uma situação "bastante complicada e que vai requerer uma intervenção dispendiosa". Pulido Valente disse-se convicto de que "o castelo não tem tido as intervenções de manutenção obrigatórias", acusando o executivo autárquico anterior de "não ter dado a atenção devida" ao monumento.

O vereador Miguel Ramalho, que integrou o executivo anterior (CDU) e está agora na oposição, refutou a acusação, classificando-a de "delírio". Mesmo assim, afirmou, o anterior executivo investiu em 2008 cerca de 250 mil euros na recuperação da antiga residência do governador, situada no recinto do castelo, e apresentou uma candidatura ao Quadro de Referência Estratégica Nacional para recuperar as muralhas.

Esta semana, a Direcção Regional da Cultura (DRC) do Alentejo disse ao PÚBLICO que a torre de menagem apresenta "algumas patologias visíveis, essencialmente devido a falta de manutenção da estrutura e dos seus sistemas construtivos" afectados pela "grande pluviosidade que se fez sentir no passado Inverno" e que conduziu ao "encharcamento de alvenarias e obstrução dos sistemas de drenagem pluvial".

A DRC acrescentou que uma inspecção feita ao local, em 20 de Fevereiro, "embora sem utilização de qualquer instrumentação de pesquisa ou sondagem não identificou, aparentemente, situações de perigo imediato ou de ruína iminente". O que aconteceu foi que "caiu uma pedra no balcão dos matacães", explicou a directora regional, Aurora Carapinha.

Neste momento, disse, está a ser feita uma avaliação preliminar e só depois é que "poderão ser programadas as intervenções que se vierem a considerar necessárias".

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